Jornal
de Albufeira, 17 Dez. 2013
Valeu a Pena.
A matéria mais relevante do meu artigo anterior, publicado neste espaço,
ter-se-á revelado inoportuna com a recente evolução positiva do Órgão Executivo
da Autarquia. Deste modo, apresento as minhas cordiais desculpas, por eventuais
melindres, e adianto que, a explicação está no facto do que escrevo não ser
editado no dia seguinte.
Os recém-empossados rejeitaram o rótulo de “embuçados” e perceberam o
interesse de fazer política, a sério. Esta novidade que dignifica Albufeira é mais
uma boa razão, para dizer, em estilo de balanço, que, desta vez, valeu a pena.
Valeu a pena ter sido insistente, a denunciar o que achava mal. Talvez incompreendido
por alguns, de cujo feedback se revelou tardio, mas, desde muito cedo, encorajado
por muitos munícipes, conscientes de que as coisas andavam mal na nossa terra,
– Valeu a pena.
O êxito das últimas eleições autárquicas ficou a dever-se ao pluralismo vibrante,
social-democrata, e, sobretudo, à coragem da Dra. Ana Vidigal que ultrapassou
adversidades, para dar voz à indignação responsável que o concelho vivia.
Apesar de, à data, não conhecer a Senhora, pessoalmente, a dignidade da sua
iniciativa foi quanto bastou para merecer o meu apoio, sem reservas, desde o
primeiro minuto. Numa etapa mais avançada do seu percurso, também subscrevi a
sua candidatura, autónoma, sem outro interesse que não fosse a libertação do concelho.
E foi já em campanha, a menos de uma semana do acto eleitoral, que tive o
prazer de conhecê-la e de trocarmos breves palavras.
Não houve concertação, prévia, nem estive envolvido no seu projecto. Mas,
também, não foi coincidência extemporânea ter-me afincado num discurso de contestação,
em relação ao que vinha acontecendo na nossa terra. O descontentamento era de
tal maneira óbvio que é natural ter havido démarches diferentes, compatíveis com
o mesmo objectivo.
Não se tratou de oposição política. Quem podia ter assumido esse papel,
nos momentos cruciais, não se fez notar aos olhos dos albufeirenses. Mas terão
de ser outros, a ajuizar essa falha.
Regozijo-me com o mérito inequívoco da Dra. Ana Vidigal e também manifesto
o meu agrado, por a legitimidade do que escrevi, durante anos, ter ficado comprovada,
no passado dia 29 de Setembro.
Valeu a pena ter apelado, para Unir a Família Social Democrata do
Concelho, depois do acto eleitoral. É certo que há um descontentamento,
generalizado, em relação à classe política. Todavia, na minha óptica, a crescente
indignação, em Albufeira, era, maioritariamente, de militantes e simpatizantes
social-democratas que não se reviam na obscuridade partidária, quiçá,
intencional, e no descrédito da anterior maioria que governou a Autarquia.
Neste aspecto, não posso deixar de referir o ex-presidente da câmara, interino,
que, na parte final do ciclo, apesar de vítima, ainda, deu o melhor de si
próprio, quando o Município já tinha sido condenado ao resgate.
Valeu a pena ter ajudado a derrubar a hegemonia intangível, com o propósito
de libertar o município, mas, também ser perseverante para haver consenso nos
órgãos autárquicos.
Estou convencido que, a seu tempo, será adoptada outra postura no plano
partidário. Nestas últimas eleições autárquicas, a consciência política,
mormente dos social-democratas anónimos, foi determinante, para o avanço significativo
que se verificou, mas é preciso que todos percebam que ainda há muito a fazer,
para consolidar a democracia participativa, no concelho.
É um facto que o Município, actualmente, está no lote dos resgatados. Apesar
de tudo, o Senhor Presidente da Câmara e os membros da vereação, que o
acompanham, farão os ajustamentos necessários, para Albufeira dar a volta por
cima, rapidamente, e livrar-se do controlo das entidades externas. Na minha perspectiva,
a Autarquia tem condições, para assumir o serviço da dívida, sem comprometer as
outras funções da sua incumbência.
Valeu a pena, se este Executivo Camarário mostrar discernimento, para se
comprometer com a economia e eleger o combate ao desemprego, como sua prioridade.
Promover painel de incentivos, em parceria com outras entidades, para atrair
novos investidores e convencer os empresários locais a transferirem algumas parcelas
dos ganhos do turismo, para outras actividades, de forma organizada, com vista
a diversificar a economia do concelho e torná-la mais sustentável e menos
exposta ao risco.
Se houver apoio efectivo à economia local, também haverá maior garantia,
para atenuar os efeitos nefastos do actual flagelo social que a Autarquia tem o
dever de conhecer bem e de ajudar a debelar.
Aproveito o ensejo para desejar, FELIZ
NATAL, a todos os albufeirenses e aos concidadãos que abdicam do seu tempo,
para ler o que me sai da alma.
Henrique Coelho
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