Jornal Notícias de Albufeira, 01/Set/2010
O munícipe merece mais respeito.
A recente
mexida, no tarifário da Autarquia, terá a sua razão de ser e a legitimidade é
dada pelo voto. Ainda assim, teria sido mais correcto se a respectiva deliberação
fosse precedida de explicação convincente, devido ao seu impacto e à abrangência.
Quanto à
água da rede pública e aos resíduos não tenho elementos para fazer uma
avaliação. Contudo, parece-me que só a falta de sensibilidade justifica as
subidas elevadas que se verificaram, neste período de crise. E, a coisa não vai
ficar por aqui a avaliar pelas notícias que têm sido veiculadas.
Para as licenças
de esplanadas dos estabelecimentos, localizados fora da muge, os aumentos
ascenderam a 200%, enquanto nas zonas hegemónicas da cidade não houve
alteração. Os estabelecimentos, agora atingidos, usam mesas e cadeiras, no
exterior, com o intuito de se evidenciarem, a uma clientela que é manipulada,
com dinheiro público, para marcar presença constante no centro.
A política
de animação da Autarquia não é imparcial. A sua estratégia acentua o
desequilíbrio de oportunidades e as vítimas são castigadas com mais custos. Por
sua vez, as associações preferem manter o silêncio, provavelmente, para não comprometer
a empatia que se terá gerado.
Qualquer
observador detecta, com relativa facilidade, formas de dependência que atentam
contra a liberdade de acção. E, deste modo, percebe-se o laxismo destas
organizações representativas, que deviam agir em defesa dos seus associados e
da economia local. Isto tem uma definição: “Promiscuidade”.
Por outro
lado, em conjuntura de crise económica, como a que se vive, a Autarquia deve dar
o exemplo, em casa própria. Conter a despesa, para legitimar os sacrifícios que
exige aos outros, e penso que o esteja a fazer, nalguns aspectos. Contudo, detentores
de cargos políticos e funcionários continuam a ter automóveis distribuídos,
para usarem a seu belo prazer.
Sem
demagogia, é vulgar ouvirem-se comentários sobre esta prática onerosa, exibicionista,
arrogante, e prepotente, que não encontra paralelo em países mais ricos. Haverá,
ainda, quem não entenda o trabalho das Agências de Rating, mas, já ouvi turistas
alemães expressarem-se, com sentido crítico, em relação à renovação das frotas
de automóveis do estado português. Veja-se o nível do descrédito a que o País já
chegou, no exterior, tendo em conta este reparo vindo de fora.
No plano
político, é possível fazer emergir outra moral, baseada em valores mais credíveis,
do ponto de vista democrático, se houver vontade dos partidos. Nos planos
público e institucional, faltam fóruns de diálogo que promovam esclarecimento,
com vista à evolução das consciências individuais e colectivas, para o direito
de cidadania ser exercido, também, fora dos actos eleitorais.
Só se
consolida a democracia, se cultivarmos, todos, as práticas democráticas.
Henrique
Coelho,
Sem comentários:
Enviar um comentário