sábado, 4 de outubro de 2014

Ainda é altura para reparar equívocos

Notícias de Albufeira, 15 Mai 2011

    Ainda é Altura para Reparar Equívocos

    Do lote de maus políticos que governaram Portugal, desde a revolução, destaco o actual executivo. De facto, nos últimos anos, o País foi premiado com um clima promíscuo, adverso ao desenvolvimento e recheado de imbróglios sofisticados que lesaram o Estado.
    Numa altura em que a discussão sobre o enriquecimento ilícito está na ordem do dia, os abusos que acabam reflectidos nas contas públicas, não deviam passar impunes.
    Em vez deste governo ter pretendido elevar os valores da despesa, por ajustes directos, ou seja, sem concursos públicos, teria tido outro brilho se incumbisse os conselhos de gestão das empresas públicas, em situação de colapso financeiro, a recuperarem os prémios imorais, atribuídos aos seus quadros, desde 2005 inclusivé.
    A questão é deveras séria. Qualquer destes prémios equivale a muitos anos de trabalho, para um cidadão comum. Não é justo manter nível elevado de regalias, a uma classe de privilegiados, e enriquecer um punhado de “boys” que tem vindo a crescer, à custa de contribuintes “à rasca”.
    A dureza da crise justificava a medida e a sua execução ajudava, o Senhor Ministro das Finanças, ainda em funções, a reparar mais estes “equívocos”.
    Contrariando o que impôs a si próprio, o Senhor Ministro não pediu ajuda externa, quando os juros bateram nos 7%, porventura encorajado pelo “patriotismo do chefe”, ou para não prejudicar o negócio da banca.
    De facto, os bancos lucraram muito com os leilões da dívida soberana. Ainda assim, a descida abrupta dos seus ratings, com consequências na necessidade de terem de reforçar garantias, criou-lhes dificuldades. Ao sentirem a iminência de faltar liquidez, os banqueiros ordenaram o Governo a antecipar o pedido de ajuda, à Comissão Europeia, também para reforçar os capitais próprios das suas instituições.
    Nas primeiras declarações que o Senhor Ministro das Finanças proferiu, depois de formalizar o pedido tardio e do Eurostat já ter revisto o défice de 2010, para 8,6%, entretanto fixado nos 9,1%, pelo INE, não perdeu a oportunidade de culpar a oposição, na tentativa de credibilizar arrogância. A seguir, o Senhor Primeiro Ministro, como responsável máximo da política do governo, numa comunicação a seu jeito, também, “deu o dito por não dito”, em nome do que era melhor para a nação.
    Estou convencido que os portugueses perceberam os ziguezagues destes governantes e já estão, suficientemente, esclarecidos quanto aos culpados da crise política e da situação de colapso financeiro com que Portugal se depara.


Henrique Coelho

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