sábado, 4 de outubro de 2014

Nesta conjuntura, a economia e as finanças deviam estar juntas

Jornal Notícias de Albufeira, 15 Dez 2011

    Nesta Conjuntura, a Economia e as Finanças Deviam Estar Juntas.

    A Troika das instituições externas a que Portugal teve de recorrer, no pedido da ajuda financeira, estabeleceu um plano, cujo compromisso é muito violento. E há o risco do País não conseguir superar a insolvência, dentro do prazo estipulado.
    A economia nacional está a contrair-se e as reformas estruturais, iniciadas pelo Governo, não produzem ganhos imediatos. Nestas circunstâncias, a consolidação das contas públicas é feita à custa da subida generalizada dos impostos e de mais austeridade. A situação, que já era difícil, torna-se insuportável, para a franja de portugueses que animava a procura interna.
    A falta de vontade, para incomodar os infractores que levaram Portugal ao fundo, coloca dúvidas ao regime democrático. Os gestores com ordenados chorudos que receberam, anos a fio, prémios imorais de empresas públicas, tecnicamente falidas, não foram chamados a devolver os referidos valores. Estes factos e outros ainda mais relevantes serão julgados pela história.
    A violência desta crise justificava uma justiça célere, dinâmica e operante!
    O povo tem-se mostrado sereno e não provoca distúrbios. Contudo, há uma onda de assaltos que já faz a manchete dos jornais. E, esta insegurança pode piorar, se as condições económicas do País se deteriorarem.
    Nesta conjuntura de crise, à beira da insolvência financeira, é compreensível a determinação do Governo, em cumprir o acordo da Troika. Porém, o “garrote” das finanças causa avultados danos económicos e desgraças sociais.
    Com o O.E., para 2012, já aprovado, a prometer ainda mais dificuldades, é preciso perceber que sem economia não há finanças. Nesta conformidade, a respectiva tutela tinha o dever de não se ofuscar e de reivindicar supremacia, para balancear e dosear sensibilidade económica e social. Projectar “target” descentralizador da pedagogia económica e livrar o País de cair numa espiral vertiginosa de pobreza.
    As unidades industriais, que ainda não se deslocalizaram, merecem apoio, até pelo peso que têm nas exportações. Mas há outras potencialidades, locais e regionais, que também mereciam a atenção do Governo, para se desenvolverem, gerar recursos, fixar populações, e criar emprego, porventura, mais duradouro.
    A conjuntura não é propícia para atrair investidores externos, excepto os interessados na compra, a baixo preço, das participações sociais lucrativas do Estado. Nestas condições, o Ministério da Economia já devia ter-se apressado a liderar um grupo de trabalho multi-disciplinar, itinerante, com informação adequada a cada região. Motivado para ajudar a identificar áreas e fazer prospecção de negócios, incentivar investidores, e estimular o crescimento da economia.
    Envolver e apadrinhar a participação de outras entidades, neste desígnio, como sejam: autarquias locais, associações empresariais, direcções regionais, universidades, sindicatos, capital de risco e a banca, – mormente as caixas agrícolas, que são decisivas, para a reconversão do sector agrário.
    A fonte do financiamento, necessário, era a prata da casa, agora, reforçada com o efeito favorável dos dois mil milhões de excedentes, dos fundos de pensões da banca, e com a incorporação de fundos europeus.

    Esta interacção do poder central, com as realidades locais e regionais, e a cumplicidade que se gerava, entre entidades influentes, ajudavam a desmistificar os entraves que, porventura, tenham impedido de concretizar, no passado, algumas aspirações legítimas. E, ainda, resultava em maior abrangência das candidaturas e das respectivas utilizações dos fundos estruturais e de coesão, da União, nem sempre, concedidos para os melhores fins, no passado.
    Atendendo ao estado do País, que requer controlo diário da sua situação líquida e sensibilidade económica e social, apurada, parece-me que teria sido aconselhável concentrar a Economia e as Finanças, sob a mesma Tutela.


Henrique Coelho


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