sábado, 4 de outubro de 2014

Albufeira tem potencial para crescer

Notícias de Albufeira, 01Out. 2011

Albufeira Tem Potencial para Crescer.

    Observo Albufeira com preocupação e percebo que as dificuldades económicas, de hoje, têm a ver, sobretudo, com a perda de competitividade, determinada por medidas descaracterizadoras, desenvolvimento do produto pouco consentâneo com a sua vocação, e falta de promoção. Ainda assim, Albufeira tem potencial para crescer, na vertente turística, alargar a base da sua economia, e prosperar de forma equilibrada.
    Nem tudo está mal e o parque hoteleiro, edificado nos últimos anos, com polivalência para congressos e conferências, que só pecou por tardio, é disso um bom exemplo.
    Porém, do lado público, é evidente que as opções têm sido, no mínimo, estranhas. O Jardim da Meia Laranja, que era o local mais nobre da cidade, começou a ser convertido em campo de arraiais, no final da década de 80, deliberadamente, para garantir interesses particulares, e os protagonistas que se sucederam não mostraram melhores intenções. Ainda, recentemente, foi edificado um posto de turismo, que está encerrado, onde era expectável uma bomba de combustível.
    Efectivamente, no período da abundância, não foram dados os passos mais correctos, em termos de desenvolvimento, nem, sequer, foram respeitadas as prioridades. Entretanto, os recursos consumiram-se e o concelho perdeu oportunidades. 
    Em 2004, a Autarquia envolveu-se numa estrutura associativa de índole privado, supostamente, para promover Albufeira. Mas, “o clube” não ganhou dimensão, para legitimar a representação da marca turística, nem conseguiu angariar meios para cumprir o objecto social, e tem discriminado a economia local.
    Operadores de fim de linha tentam contornar a falta de competitividade e o excesso da oferta com pacotes promocionais. As tarifas baixas do alojamento convencem uns, mas podem deixar dúvidas e desencorajar outros, mais endinheirados, no momento de reservar estadias. Certo é que, também este facto determina o tipo da clientela que o destino atrai.
    Nas décadas de 70 a 90, quando turistas interessados, mormente os britânicos, alertavam para não se construir, em excesso, Albufeira era cobiçada por gente com potencial económico. Agora, são os preços baixos que vão conquistando mercado nos estratos mais débeis. As razões são várias, mas há culpas que residem em Albufeira.
    “Ilustres filósofos” enfatizam, extemporaneamente, o turismo de qualidade.
    Nasci nesta terra, tenho acompanhado a sua evolução, e sei do que estou a falar. As grandes opções estruturantes não foram ponderadas. Não houve aproveitamento das potencialidades e a cidade descaracterizou-se.
    Como consequência, o produto turístico sofreu um revés e o turismo de qualidade, que esses senhores evocam, é escasso.

    Com a falta de dinheiro, o desnorte tornou-se, ainda, mais evidente. Este ano, as comemorações do Beato Vicente mudaram de data e não houve foguetes, o que me parece uma falta assinalável. Por sua vez, a Festa dos Pescadores, abrilhantada com espectáculo musical, foi protagonizada por associações que receberam rasgado elogio público, do Senhor Presidente da Câmara, mas não mereciam fazer parte deste certame.
    Por este andar, e se as polícias e a justiça continuarem a não ser capazes de fazer frente à vergonhosa onda de assaltos, que já é noticiada lá fora, isto vai mesmo ao fundo.
    Entretanto, a Autarquia já podia ter contido os furtos, nos estacionamentos das praias, se tivesse tido a humildade de aceitar o meu conselho, publicado em Março de 2009.



Henrique Coelho

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