Notícias de
Albufeira, 01Out. 2011
Albufeira Tem Potencial para Crescer.
Observo Albufeira
com preocupação e percebo que as dificuldades económicas, de hoje, têm a ver,
sobretudo, com a perda de competitividade, determinada por medidas descaracterizadoras,
desenvolvimento do produto pouco consentâneo com a sua vocação, e falta de
promoção. Ainda assim, Albufeira tem potencial para crescer, na vertente
turística, alargar a base da sua economia, e prosperar de forma equilibrada.
Nem tudo está
mal e o parque hoteleiro, edificado nos últimos anos, com polivalência para congressos
e conferências, que só pecou por tardio, é disso um bom exemplo.
Porém, do lado
público, é evidente que as opções têm sido, no mínimo, estranhas. O Jardim da
Meia Laranja, que era o local mais nobre da cidade, começou a ser convertido em
campo de arraiais, no final da década de 80, deliberadamente, para garantir
interesses particulares, e os protagonistas que se sucederam não mostraram
melhores intenções. Ainda, recentemente, foi edificado um posto de turismo, que
está encerrado, onde era expectável uma bomba de combustível.
Efectivamente, no
período da abundância, não foram dados os passos mais correctos, em termos de
desenvolvimento, nem, sequer, foram respeitadas as prioridades. Entretanto, os
recursos consumiram-se e o concelho perdeu oportunidades.
Em 2004, a
Autarquia envolveu-se numa estrutura associativa de índole privado, supostamente,
para promover Albufeira. Mas, “o clube” não ganhou dimensão, para legitimar a representação
da marca turística, nem conseguiu angariar meios para cumprir o objecto social,
e tem discriminado a economia local.
Operadores de
fim de linha tentam contornar a falta de competitividade e o excesso da oferta com
pacotes promocionais. As tarifas baixas do alojamento convencem uns, mas podem deixar
dúvidas e desencorajar outros, mais endinheirados, no momento de reservar estadias.
Certo é que, também este facto determina o tipo da clientela que o destino atrai.
Nas décadas de
70 a 90, quando turistas interessados, mormente os britânicos, alertavam para
não se construir, em excesso, Albufeira era cobiçada por gente com potencial
económico. Agora, são os preços baixos que vão conquistando mercado nos estratos
mais débeis. As razões são várias, mas há culpas que residem em Albufeira.
“Ilustres
filósofos” enfatizam, extemporaneamente, o turismo de qualidade.
Nasci nesta
terra, tenho acompanhado a sua evolução, e sei do que estou a falar. As grandes
opções estruturantes não foram ponderadas. Não houve aproveitamento das
potencialidades e a cidade descaracterizou-se.
Como consequência,
o produto turístico sofreu um revés e o turismo de qualidade, que esses
senhores evocam, é escasso.
Com a falta de
dinheiro, o desnorte tornou-se, ainda, mais evidente. Este ano, as comemorações
do Beato Vicente mudaram de data e não houve foguetes, o que me parece uma falta
assinalável. Por sua vez, a Festa dos Pescadores, abrilhantada com espectáculo
musical, foi protagonizada por associações que receberam rasgado elogio público,
do Senhor Presidente da Câmara, mas não mereciam fazer parte deste certame.
Por este andar, e
se as polícias e a justiça continuarem a não ser capazes de fazer frente à vergonhosa
onda de assaltos, que já é noticiada lá fora, isto vai mesmo ao fundo.
Entretanto, a
Autarquia já podia ter contido os furtos, nos estacionamentos das praias, se tivesse
tido a humildade de aceitar o meu conselho, publicado em Março de 2009.
Henrique Coelho
Sem comentários:
Enviar um comentário