Notícias de Albufeira, 15/Jul/2010
Euro, Globalização e Competitividade.
Com a adesão à Moeda Única, Portugal deixou
de controlar as políticas, cambial e monetária. Não foi capaz de travar as importações
e de equilibrar a balança comercial. Perdeu a faculdade de desvalorizar a
moeda, para animar a exportação e atrair investimento externo.
De acordo com a meta atingida, na convergência
económica, cada Euro custou aos portugueses, Esc. 200$48,2.
Com a inflação já controlada, o mercado não
conteve o efeito da entrada do Euro e houve subida generalizada de preços. As
cotações do petróleo, também, tiveram influência. Primeiro, o dólar forte, e depois
a hegemonia das economias emergentes da Ásia e da Europa do Leste. Efectivamente,
quando tudo parecia estar de feição, para o poder de compra dos portugueses estabilizar,
concluiu-se que a coisa ficou cara.
A oferta abundante, nos espaços comerciais,
e a facilidade de recorrer ao crédito, contribuíram para o descontrolo financeiro
de muitas famílias e para o défice externo. A incapacidade, para assumir
responsabilidades financeiras, no lado da procura, não foi tida em conta e o Banco
Central, na qualidade de entidade reguladora e de supervisão, não impôs regras,
para as instituições de crédito segurarem as rédeas e evitarem os excessos.
O País deixou cair a agricultura, para
ascender ao lote das “Nações desenvolvidas”. Este abandono é negativo, para a
biodiversidade, desertificação, e empobrece a economia nacional. Não tem de
haver complexos por ser dada atenção à agricultura. Muitos dos produtos
hortícolas e frutícolas, que consumimos, são produzidos noutros países mais
desenvolvidos.
Fala-se muito da especificidade da
agricultura portuguesa e é pedido reforço dos fluxos financeiros. Porém, o
problema tem a ver com a dimensão das explorações, métodos de produção, e com a
falta de estruturas organizadas, para escoar produtos, tanto no mercado interno
como para a exportação. A persistir esta situação, os fundos satisfazem a necessidade
financeira dos agricultores mas não resolvem o problema económico da
agricultura.
O sector primário devia ser rentável, tal
como em Espanha e na França. As alfaces e as batatas, produzidas em Portugal, tinham
de ser competitivas face às mesmas espécies importadas. Os preços de venda ao
público deixam antever margens confortáveis.
A luminosidade e o clima ameno são factores
determinantes, para a produção frutícola. Neste aspecto, duvido que haja, no
mundo, laranjas melhores que no Algarve.
Tendo em conta a vocação natural do
Alentejo, a Barragem de Alqueva, também, devia gerar maior motivação para o
regadio.
Há muito que a Tutela devia ter colocado
técnicos no terreno, para definir aptidões de solos, aconselhar emparcelamentos,
e exercer pedagogia, na base de planos de informação e de formação bem concebidos.
A atitude dos governantes, na negociação de
quotas, junto da Comissão Europeia, também, devia ser mais contundente na
defesa da agricultura portuguesa.
As Caixas de Crédito Agrícola, parece
estarem mais vocacionadas para o crédito à habitação, cross-selling, ou private
banking, que, propriamente, interessadas em canalizar poupança, para o
desenvolvimento do sector agrícola.
O mar e a invejável zona económica
exclusiva, também, mereciam outra atenção. Parte da reflexão, sobre a
agricultura, encaixa-se na actividade das pescas.
O País optou pelos serviços, porventura,
forçado pela globalização que fez deslocalizar unidades fabris e criou dificuldades
de competitividade. Contudo, não faz sentido que o índice do desemprego esteja tão
elevado quando há, ainda, tanto por fazer.
Falta identificar e analisar as potencialidades,
a nível nacional, conjuntamente com entidades regionais e locais, incluindo as associações
empresariais e as universidades, e dotar as Autarquias com meios para criarem as
infra-estruturas públicas que estimulam o investimento privado.
O turismo influencia toda a economia, fixa
populações, gera emprego e, tratando-se de vector económico muito sensível, deve
ser visto com cuidado. O sector consubstancia segmentos de mercado e diferentes
actividades, cujo entrosamento e dinâmica natural carecem de diálogo permanente.
Por outro lado, a promoção turística exige equipas de marketing, conhecedoras das
características dos mercados emissores, e volume financeiro avultado, para as
campanhas serem bem sucedidas.
Era de salutar que as Autarquias se empenhassem
mais, no campo estrutural, para ajudarem a dinamizar as economias dos seus
territórios. A situação difícil, em que o País está mergulhado, requer o esforço
de todos, mormente das entidades que podem melhorar as condições para haver empreendedorismo.
Henrique Coelho
Sem comentários:
Enviar um comentário