Notícias de
Albufeira, 15 Set. 2011
Albufeira Tem Insuficiências
Desde há muito, digo
que “Albufeira precisa de mais”. A afirmação não é gratuita e percebe-se que têm
havido insuficiências.
Podem dizer que
a culpa é dos outros. Porém, quem gere a coisa pública, neste lado, tinha de ter
um plano de acção credível, consentâneo com as necessidades de desenvolvimento do
concelho, e bater-se pela sua concretização.
Das várias
situações pertinentes… apenas, três exemplos:
A operação das praias, cuja descaracterização
e má qualidade do areal têm sido alvos de crítica, era evitável se fossem colocados,
atempadamente, três esporões de pedras soltas, em pontos estratégicos. A medida
teria provocado assoreamento natural e, também, devia contemplar a trasfega da areia,
que está a mais no anteporto, para o peneco/elevador, numa operação menos
dispendiosa para o erário público. Aliás, no contexto actual, não está
dispensada a colocação dos referidos esporões, sob pena de parte da areia da
praia ser arrastada, quando o sueste bater forte.
No período da
intervenção Polis, atendendo à vocação turística, faltou exigir cuidados,
especiais, na qualidade da obra, na descaracterização da cidade e na mobilidade.
Valha-nos o facto do Edifício Albufeira não ter sido demolido, contrariamente à
vontade dos que pretendiam arejar recursos, para “animar a imobiliária”.
Quando a Marina foi
construída, faltou os dirigentes de Albufeira olharem o mar com sabedoria e terem
visão de estratégia, para defender um Porto de Abrigo digno. Capaz de colmatar a
perda do produto turístico que a praia dos barcos constituiu no passado. Com
condições para acolher a actividade de pesca, implementar a náutica desportiva
e comercial, e receber navios cruzeiro de pequeno/médio porte.
Tal como afirmei,
noutras ocasiões, a frente de mar e o respectivo passeio marítimo seriam o ex-líbris
de Albufeira, em qualquer época do ano. Porém, não houve a percepção destes segmentos
estarem relacionados com as raízes do turismo, e, como tal, não foram tratados
numa lógica de potencial, para o reforço da marca turística e para o
desenvolvimento da economia local.
Os passageiros
dos navios que escalassem a cidade animavam o comércio local e, mormente, no
período de veraneio, com a praia repleta de banhistas, sentiam apetência natural
para regressar, em gozo de férias, noutro momento das suas vidas. Poder-se-ia considerar
promoção turística, “neutral budget”,
ou seja, a custo zero. Ao contrário do excesso de arraiais, que não atrai
turistas de qualidade, vindos de fora.
Este ano, devido
à falta de dinheiro, a Autarquia reduziu os referidos arraiais e a hegemonia da
baixa não terá sido quebrada por a multidão ser, eventualmente, menos compacta.
Algum abrandamento, no desempenho dos estabelecimentos, deve-se à queda dos
fluxos britânicos e às características de visitantes, alinhados com o “down-grade” do destino.
Não estava
enganado quando referi, num artigo publicado em Julho de 2009, que esta
política de animação tornava Albufeira “pimba”. As consequências já são mais
que evidentes.
Com um orçamento
mais modesto era possível realizar entretenimento, capaz de cumprir melhor o objectivo
turístico e dinamizar os valores culturais da região. Em horários compatíveis,
para não atropelar uns e beneficiar outros, como tem acontecido, no aspecto
económico, desde o final da década de 80, quando foi cometida a primeira atrocidade
física ao Largo Eng. Duarte Pacheco.
Ao declarar,
para um jornal nacional, no inicio de Julho, que conseguiu uma boa agenda de
espectáculos, sem loucuras, o Senhor
Presidente da Câmara reconheceu, implicitamente, o erro dos anos passados. E,
também, já devia ter admitido as dificuldades que os arraiais causam aos negócios
estabelecidos fora das zonas privilegiadas. Mas, pelo contrário, continua empenhado
em induzir parcialidade na economia e a prejudicar os negócios estabelecidos
fora da muge, que também têm o direito de tirar partido das oportunidades do
turismo.
Para garantir o seu
objectivo, não se inibiu de anunciar a presença não oficial, de Sua Excelência
O Senhor Presidente da República, no espectáculo de rua, comemorativo do dia da
cidade. Imagine-se que o Reverendíssimo Cónego, José Rosa Simão, revia-se nos
mesmos valores e usava este expediente, para atrair fiéis, e já teria tido de
redimensionar a Igreja Matriz.
A população deve
estar grata, ao executivo camarário, pelas melhorias na área social. Porém, é
preciso perceber que a sua sustentabilidade depende da prosperidade económica
do concelho, que, por sua vez, não se coaduna com arraiais populistas, da Autarquia
e do programa allgarve.
Henrique Coelho
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