sábado, 4 de outubro de 2014

Albufeira tem insuficiências

Notícias de Albufeira, 15 Set. 2011

Albufeira Tem Insuficiências

    Desde há muito, digo que “Albufeira precisa de mais”. A afirmação não é gratuita e percebe-se que têm havido insuficiências.
    Podem dizer que a culpa é dos outros. Porém, quem gere a coisa pública, neste lado, tinha de ter um plano de acção credível, consentâneo com as necessidades de desenvolvimento do concelho, e bater-se pela sua concretização.
    Das várias situações pertinentes… apenas, três exemplos:
    A operação das praias, cuja descaracterização e má qualidade do areal têm sido alvos de crítica, era evitável se fossem colocados, atempadamente, três esporões de pedras soltas, em pontos estratégicos. A medida teria provocado assoreamento natural e, também, devia contemplar a trasfega da areia, que está a mais no anteporto, para o peneco/elevador, numa operação menos dispendiosa para o erário público. Aliás, no contexto actual, não está dispensada a colocação dos referidos esporões, sob pena de parte da areia da praia ser arrastada, quando o sueste bater forte.
    No período da intervenção Polis, atendendo à vocação turística, faltou exigir cuidados, especiais, na qualidade da obra, na descaracterização da cidade e na mobilidade. Valha-nos o facto do Edifício Albufeira não ter sido demolido, contrariamente à vontade dos que pretendiam arejar recursos, para “animar a imobiliária”.
    Quando a Marina foi construída, faltou os dirigentes de Albufeira olharem o mar com sabedoria e terem visão de estratégia, para defender um Porto de Abrigo digno. Capaz de colmatar a perda do produto turístico que a praia dos barcos constituiu no passado. Com condições para acolher a actividade de pesca, implementar a náutica desportiva e comercial, e receber navios cruzeiro de pequeno/médio porte.
    Tal como afirmei, noutras ocasiões, a frente de mar e o respectivo passeio marítimo seriam o ex-líbris de Albufeira, em qualquer época do ano. Porém, não houve a percepção destes segmentos estarem relacionados com as raízes do turismo, e, como tal, não foram tratados numa lógica de potencial, para o reforço da marca turística e para o desenvolvimento da economia local.
    Os passageiros dos navios que escalassem a cidade animavam o comércio local e, mormente, no período de veraneio, com a praia repleta de banhistas, sentiam apetência natural para regressar, em gozo de férias, noutro momento das suas vidas. Poder-se-ia considerar promoção turística, “neutral budget”, ou seja, a custo zero. Ao contrário do excesso de arraiais, que não atrai turistas de qualidade, vindos de fora.
    Este ano, devido à falta de dinheiro, a Autarquia reduziu os referidos arraiais e a hegemonia da baixa não terá sido quebrada por a multidão ser, eventualmente, menos compacta. Algum abrandamento, no desempenho dos estabelecimentos, deve-se à queda dos fluxos britânicos e às características de visitantes, alinhados com o “down-grade” do destino.

    Não estava enganado quando referi, num artigo publicado em Julho de 2009, que esta política de animação tornava Albufeira “pimba”. As consequências já são mais que evidentes.
    Com um orçamento mais modesto era possível realizar entretenimento, capaz de cumprir melhor o objectivo turístico e dinamizar os valores culturais da região. Em horários compatíveis, para não atropelar uns e beneficiar outros, como tem acontecido, no aspecto económico, desde o final da década de 80, quando foi cometida a primeira atrocidade física ao Largo Eng. Duarte Pacheco.
    Ao declarar, para um jornal nacional, no inicio de Julho, que conseguiu uma boa agenda de espectáculos, sem loucuras, o Senhor Presidente da Câmara reconheceu, implicitamente, o erro dos anos passados. E, também, já devia ter admitido as dificuldades que os arraiais causam aos negócios estabelecidos fora das zonas privilegiadas. Mas, pelo contrário, continua empenhado em induzir parcialidade na economia e a prejudicar os negócios estabelecidos fora da muge, que também têm o direito de tirar partido das oportunidades do turismo.
    Para garantir o seu objectivo, não se inibiu de anunciar a presença não oficial, de Sua Excelência O Senhor Presidente da República, no espectáculo de rua, comemorativo do dia da cidade. Imagine-se que o Reverendíssimo Cónego, José Rosa Simão, revia-se nos mesmos valores e usava este expediente, para atrair fiéis, e já teria tido de redimensionar a Igreja Matriz.
    A população deve estar grata, ao executivo camarário, pelas melhorias na área social. Porém, é preciso perceber que a sua sustentabilidade depende da prosperidade económica do concelho, que, por sua vez, não se coaduna com arraiais populistas, da Autarquia e do programa allgarve.



Henrique Coelho

Sem comentários:

Enviar um comentário