Notícia de
Albufeira, 15/Nov.2010
Albufeira
Precisa de Mais - X.
O silêncio, de alguns
meios, à volta das divergências e das sugestões que venho apresentando,
preocupa-me. Contudo, o feedback de gente anónima encoraja a não resignar-me e a
continuar a pensar em voz alta.
Nesta
conformidade, reafirmo o meu apreço pelo empenho, do Senhor Presidente da
Câmara, na promoção de Albufeira, no exterior. É uma estratégia solitária, de
grande dignidade, a que alguns fazem jus em associar-se, mais pela companhia do
que para dar-lhe o contributo que é devido. Mas, também ela é insólita devido
ao risco de não ter continuidade no futuro.
Efectivamente, no
início do ano 2004, representantes de associações empresariais, não entenderam o
acolhimento, do Senhor Presidente, e não perceberam que a especificidade da
economia impunha propor-lhe um projecto sério que culminava, naturalmente, na compatibilidade
da Autarquia implementar sistema de recolha de financiamento, maioritariamente,
de privados, e institucionalizar a promoção turística de Albufeira.
Com um modelo deste
âmbito, o esforço de financiamento convergia, para a equidade desejável. Por
sua vez, a inerente estabilidade financeira garantia capacidade para planificar
acções de promoção turística e competir na captação de eventos importantes, como
a prova de atletismo que a Autarquia atraiu, por mérito do seu presidente, e,
agora, depara-se com a dificuldade de assumir o respectivo custo.
A cooperação,
entre o poder político e a economia local, já é uma evidência, mas os
pressupostos não são, suficientemente, claros e, ainda, há muito para evoluir. Era
legítimo, outra estratégia, se houvesse conceito de diálogo e vocação para colóquios
e jornadas temáticas, no final das épocas turísticas, com o intuito de
estimular conhecimento, transmitir consciência sobre as matérias, e discernir
métodos consistentes de cooperação.
Em síntese,
repito o que desde há muito venho a dizer. A estrutura autárquica precisa de
reforma, tanto para agilizar a operacionalidade, como para apoiar, promover, e
consolidar a força motora do desenvolvimento do concelho, e incentivar a diversidade
económica. O sector empresarial, também, tem necessidade de perceber que tipo
de organização associativa lhe convém.
A ausência de uma
estratégia de desenvolvimento, coerente, permitiu exagero na construção imobiliária
e faltou lucidez, para preservar características, no contexto do produto
turístico. Construtores civis e promotores aproveitaram o descontrolo, dos
últimos 30 anos, e serviram-se da imagem de Albufeira, para fazer lucro
imediato, enquanto a Autarquia valorizou a receita de IMT e garantiu encaixar IMI.
Seria desonesto omitir
a obra pública realizada. Ela está à vista e representa um elevado esforço
financeiro. Porém, uma parte significativa deixa transparecer falta de racionalidade
e de ponderação.
Para Albufeira
recuperar a boa imagem, e valorizar o produto, algumas obras concluídas têm de
ser reavaliadas. O mar é, seguramente, o elemento mais importante no contexto do
produto. Ainda assim, não foram criadas condições, para Albufeira tirar proveito
desta potencialidade nem explorar os seus recursos.
O Porto de
Abrigo, tal como foi implantado, com instalações para apoio de terra e negociar
pescado, não se enquadra numa estratégia correcta de investimento público. O
facto de não estar ligado à cidade, por frente de mar, retira-lhe o estatuto de
produto turístico.
As praias:
Peneco e Inatel, emblemáticas da cidade, têm sido deixadas à sua sorte. Não foi
feito nada, para garantir extensão de areal, nas épocas de veraneio.
Haverá um plano
de infra-estruturas, que não tem sido observado. As sucessivas roturas, nas
mesmas condutas da rede de água que há muito devia ter sido substituída, são a prova
inequívoca desta falta de atenção. Durante a abundância, não houve prudência. A
disponibilidade financeira foi desviada, para “extravagâncias” e outras opções,
e agora surgem os buracos com os seus inconvenientes.
Se, o Giro a registar
poucos passageiros, nalguns circuitos, é considerado um sucesso, o que seria
para a economia local e para os utentes, com uma empresa de capitais mistos, para
dar satisfação aos outros operadores a quem foram concedidos alvarás e criadas
expectativas, e frota de viaturas de menor dimensão, menos dispendiosas e adequadas
a outros trajectos, também, carenciados.
O interesse do
Município, nas aquisições, adjudicações, e contratualização de outsourcing, que
envolve verbas avultadas, estará sendo acautelado pela Assembleia Municipal. Contudo,
o organograma da Autarquia devia contemplar serviço de auditoria e organização,
para zelar por maior eficácia e evitar desperdícios.
Nesta conjuntura
difícil, em que o desafogo financeiro perdeu a pujança, a Autarquia não dá sinais
de cortar despesa. Pelo contrário, asfixia os munícipes com custos exorbitantes,
para manter despesismo. E, veremos o que vai acontecer ao IMI.
Por último, a
segurança tem de ser encarada de forma séria. Os constantes assaltos a residências,
estabelecimentos, automóveis, e a transeuntes, são uma autêntica vergonha. Nalguns
casos, a violência é de tal ordem que as vítimas têm de receber tratamento no
Centro de Saúde. A situação estará a ser monitorizada, pelos operadores
turísticos, e os atingidos darão visibilidade das tristes ocorrências.
Esta questão não
pode ser menosprezada. Afecta a imagem da marca turística e prejudica a economia,
pelo que se torna urgente sensibilizar a GNR, para a necessidade de desenvolver
e implementar plano de prevenção, contra este flagelo, e conter a delinquência
de traficantes e consumidores de drogas, que polui a cidade. A Polícia
Municipal, também, devia colaborar, nestas frentes, e seria útil alertar os vigilantes
contratados e a população, em geral, para comunicarem anormalidades.
Henrique Coelho
Sem comentários:
Enviar um comentário