sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Albufeira precisa de mais - 10

Notícia de Albufeira, 15/Nov.2010

    Albufeira Precisa de Mais - X.

    O silêncio, de alguns meios, à volta das divergências e das sugestões que venho apresentando, preocupa-me. Contudo, o feedback de gente anónima encoraja a não resignar-me e a continuar a pensar em voz alta.
    Nesta conformidade, reafirmo o meu apreço pelo empenho, do Senhor Presidente da Câmara, na promoção de Albufeira, no exterior. É uma estratégia solitária, de grande dignidade, a que alguns fazem jus em associar-se, mais pela companhia do que para dar-lhe o contributo que é devido. Mas, também ela é insólita devido ao risco de não ter continuidade no futuro.
    Efectivamente, no início do ano 2004, representantes de associações empresariais, não entenderam o acolhimento, do Senhor Presidente, e não perceberam que a especificidade da economia impunha propor-lhe um projecto sério que culminava, naturalmente, na compatibilidade da Autarquia implementar sistema de recolha de financiamento, maioritariamente, de privados, e institucionalizar a promoção turística de Albufeira.
    Com um modelo deste âmbito, o esforço de financiamento convergia, para a equidade desejável. Por sua vez, a inerente estabilidade financeira garantia capacidade para planificar acções de promoção turística e competir na captação de eventos importantes, como a prova de atletismo que a Autarquia atraiu, por mérito do seu presidente, e, agora, depara-se com a dificuldade de assumir o respectivo custo.
    A cooperação, entre o poder político e a economia local, já é uma evidência, mas os pressupostos não são, suficientemente, claros e, ainda, há muito para evoluir. Era legítimo, outra estratégia, se houvesse conceito de diálogo e vocação para colóquios e jornadas temáticas, no final das épocas turísticas, com o intuito de estimular conhecimento, transmitir consciência sobre as matérias, e discernir métodos consistentes de cooperação.
    Em síntese, repito o que desde há muito venho a dizer. A estrutura autárquica precisa de reforma, tanto para agilizar a operacionalidade, como para apoiar, promover, e consolidar a força motora do desenvolvimento do concelho, e incentivar a diversidade económica. O sector empresarial, também, tem necessidade de perceber que tipo de organização associativa lhe convém.
    A ausência de uma estratégia de desenvolvimento, coerente, permitiu exagero na construção imobiliária e faltou lucidez, para preservar características, no contexto do produto turístico. Construtores civis e promotores aproveitaram o descontrolo, dos últimos 30 anos, e serviram-se da imagem de Albufeira, para fazer lucro imediato, enquanto a Autarquia valorizou a receita de IMT e garantiu encaixar IMI.
    Seria desonesto omitir a obra pública realizada. Ela está à vista e representa um elevado esforço financeiro. Porém, uma parte significativa deixa transparecer falta de racionalidade e de ponderação.
    Para Albufeira recuperar a boa imagem, e valorizar o produto, algumas obras concluídas têm de ser reavaliadas. O mar é, seguramente, o elemento mais importante no contexto do produto. Ainda assim, não foram criadas condições, para Albufeira tirar proveito desta potencialidade nem explorar os seus recursos.
    O Porto de Abrigo, tal como foi implantado, com instalações para apoio de terra e negociar pescado, não se enquadra numa estratégia correcta de investimento público. O facto de não estar ligado à cidade, por frente de mar, retira-lhe o estatuto de produto turístico.
    As praias: Peneco e Inatel, emblemáticas da cidade, têm sido deixadas à sua sorte. Não foi feito nada, para garantir extensão de areal, nas épocas de veraneio.
    Haverá um plano de infra-estruturas, que não tem sido observado. As sucessivas roturas, nas mesmas condutas da rede de água que há muito devia ter sido substituída, são a prova inequívoca desta falta de atenção. Durante a abundância, não houve prudência. A disponibilidade financeira foi desviada, para “extravagâncias” e outras opções, e agora surgem os buracos com os seus inconvenientes.   
    Se, o Giro a registar poucos passageiros, nalguns circuitos, é considerado um sucesso, o que seria para a economia local e para os utentes, com uma empresa de capitais mistos, para dar satisfação aos outros operadores a quem foram concedidos alvarás e criadas expectativas, e frota de viaturas de menor dimensão, menos dispendiosas e adequadas a outros trajectos, também, carenciados.
    O interesse do Município, nas aquisições, adjudicações, e contratualização de outsourcing, que envolve verbas avultadas, estará sendo acautelado pela Assembleia Municipal. Contudo, o organograma da Autarquia devia contemplar serviço de auditoria e organização, para zelar por maior eficácia e evitar desperdícios.
    Nesta conjuntura difícil, em que o desafogo financeiro perdeu a pujança, a Autarquia não dá sinais de cortar despesa. Pelo contrário, asfixia os munícipes com custos exorbitantes, para manter despesismo. E, veremos o que vai acontecer ao IMI.
    Por último, a segurança tem de ser encarada de forma séria. Os constantes assaltos a residências, estabelecimentos, automóveis, e a transeuntes, são uma autêntica vergonha. Nalguns casos, a violência é de tal ordem que as vítimas têm de receber tratamento no Centro de Saúde. A situação estará a ser monitorizada, pelos operadores turísticos, e os atingidos darão visibilidade das tristes ocorrências.
    Esta questão não pode ser menosprezada. Afecta a imagem da marca turística e prejudica a economia, pelo que se torna urgente sensibilizar a GNR, para a necessidade de desenvolver e implementar plano de prevenção, contra este flagelo, e conter a delinquência de traficantes e consumidores de drogas, que polui a cidade. A Polícia Municipal, também, devia colaborar, nestas frentes, e seria útil alertar os vigilantes contratados e a população, em geral, para comunicarem anormalidades.



Henrique Coelho

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