quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Albufeira continua vulnerável a práticas palacianas

Jornal Noticias de Albufeira, Agosto de 2014

    Albufeira Continua Vulnerável a Práticas Palacianas.

    Com meio século de turismo, Albufeira já devia estar melhor preparada. Precisa de evoluir no produto e no conceito. Carece de observatório, para avaliar as dinâmicas do crescimento e respectiva sustentabilidade.  
    A Autarquia continua a confundir marketing territorial com promoção turística e a não perceber que deve empenhar-se de forma mais responsável, tendo em conta a abrangência do interesse público que deriva deste ícone da economia.
    O ex-presidente da Câmara tinha uma apetência especial, por divulgar Albufeira em Espanha, que deu bons resultados para toda a região. Mas essa prática terá quebrado. E, apesar de as estatísticas serem cada vez mais abrangentes, em Albufeira, já há quem diga que este ano a coisa está a minguar.
    Ninguém tem dúvidas que o concelho depende, directa e indirectamente, da performance turística.
    O Governo exalta o índice do alojamento, mas descrimina outras actividades, ligadas ao turismo, cujo volume de invisíveis correntes consubstancia a entrada do fluxo financeiro que anima a economia e contribui para o equilíbrio da balança comercial.
    Apesar de tudo, Albufeira tem condições para demarcar-se da actual conjuntura nacional, se enveredar por outra dinâmica. Ponderar as necessidades do desenvolvimento público, para melhorar o produto turístico, e diversificar a base da sua economia para baixar o risco do investimento.
    As estações de rádio locais, a imprensa escrita, as associações recreativas, as organizações gimno-desportivas e culturais de índole autárquico, as escolas, e a própria população, deviam ser incentivadas a não deixarem cair as tradições e a serem criativas nos segmentos, artístico, cultural e desportivo.
    No passado recente os recursos públicos foram usados, insistentemente, no pressuposto de entreter turistas, com sistemas sofisticados de playback, quando era mais vantajoso e mais barato dar primazia ao folclore da região.
    Quem apregoou turismo de qualidade e promoveu extravagância, dispendiosa para o erário público e contraproducente para a economia local, devia perceber as incompatibilidades e ter resistido ao populismo mediático.
    Neste aspecto, Albufeira continua vulnerável, às mesmas práticas palacianas, e é notória a indiferença em relação ao desempenho da economia local. Senão, arraiais como o “Festival das Cervejas”, com repasto e show musical, já não se realizavam, em horário nobre.
    A Autarquia encanta-se com alaridos, para manipular veraneantes, e entra no jogo da concorrência que beneficia intrusos. Ao mesmo tempo, manda a sua polícia condicionar e punir os estabelecimentos da economia local, por questões mesquinhas.
    O Regulamento dos Horários terá sido um dos instrumentos, para a caça às bruxas que já deu mau resultado.
    Sem desvalorizar a necessidade de conter os comportamentos, menos dignos, em vez de aplicar prepotência policial, a uma economia sazonal que tem dificuldades, a Autarquia devia mostrar valentia noutras vertentes. Mandar as suas tropas averiguarem as condições do Centro de Saúde e preocupar-se com as lacunas que dificultam a vida das pessoas e desvalorizam a imagem de Albufeira.   
    O elevador e a escada rolante ficam fora de serviço, assiduamente. O Giro nasceu grande, mas não serve os utentes como devia. As praias, cuja jurisdição de algumas devia pertencer à Autarquia, carecem de atenção, tanto nas facilidades e serviços básicos, como na segurança. Nalgumas zonas, a iluminação pública faz-se tardiamente, para evitar um custo que não compensa a vergonha. As condutas da rede de água têm fugas e rebentam pelas costuras. As ruas e as estradas estão num estado lastimável e a limpeza da cidade é deficiente. Ainda assim, a dimensão estrutural continua a ser o factor que pesa mais no orçamento.
    Os albufeirenses mostram-se críticos em relação a estes e outros entraves.
    Hoje, o concelho tem hotéis e aldeamentos encerrados que diminuem a sua imagem. Das imparidades prediais, deficientemente avaliadas em sede de IMI, e das obras, ainda em fase de esqueleto, que já se transformaram em autênticas aberrações, algumas terão sido contabilizadas nos balanços dos bancos.
    Em relação ao que correu mal pode haver quem diga que foi erro dos investidores. Mas, a Autarquia teve culpas e o Gabinete do Empreendedorísmo devia preocupar-se com estes pendentes em vez de se deixar seduzir pelas cervejas. 



Henrique Coelho

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