Jornal Noticias de
Albufeira, Agosto de 2014
Albufeira Continua Vulnerável a Práticas Palacianas.
Com
meio século de turismo, Albufeira já devia estar melhor preparada. Precisa de
evoluir no produto e no conceito. Carece de observatório, para avaliar as
dinâmicas do crescimento e respectiva sustentabilidade.
A Autarquia continua
a confundir marketing territorial com promoção turística e a não perceber que
deve empenhar-se de forma mais responsável, tendo em conta a abrangência do
interesse público que deriva deste ícone da economia.
O ex-presidente
da Câmara tinha uma apetência especial, por divulgar Albufeira em Espanha, que
deu bons resultados para toda a região. Mas essa prática terá quebrado. E,
apesar de as estatísticas serem cada vez mais abrangentes, em Albufeira, já há
quem diga que este ano a coisa está a minguar.
Ninguém tem
dúvidas que o concelho depende, directa e indirectamente, da performance turística.
O Governo exalta
o índice do alojamento, mas descrimina outras actividades, ligadas ao turismo, cujo
volume de invisíveis correntes consubstancia a entrada do fluxo financeiro que
anima a economia e contribui para o equilíbrio da balança comercial.
Apesar de tudo,
Albufeira tem condições para demarcar-se da actual conjuntura nacional, se
enveredar por outra dinâmica. Ponderar as necessidades do desenvolvimento público,
para melhorar o produto turístico, e diversificar a base da sua economia para baixar
o risco do investimento.
As estações de
rádio locais, a imprensa escrita, as associações recreativas, as organizações gimno-desportivas
e culturais de índole autárquico, as escolas, e a própria população, deviam ser
incentivadas a não deixarem cair as tradições e a serem criativas nos segmentos,
artístico, cultural e desportivo.
No passado
recente os recursos públicos foram usados, insistentemente, no pressuposto de
entreter turistas, com sistemas sofisticados de playback, quando era mais vantajoso e mais barato dar primazia ao
folclore da região.
Quem apregoou
turismo de qualidade e promoveu extravagância, dispendiosa para o erário
público e contraproducente para a economia local, devia perceber as
incompatibilidades e ter resistido ao populismo mediático.
Neste aspecto, Albufeira
continua vulnerável, às mesmas práticas palacianas, e é notória a indiferença em
relação ao desempenho da economia local. Senão, arraiais como o “Festival das
Cervejas”, com repasto e show musical, já não se realizavam, em horário nobre.
A Autarquia encanta-se
com alaridos, para manipular veraneantes, e entra no jogo da concorrência que beneficia
intrusos. Ao mesmo tempo, manda a sua polícia condicionar e punir os
estabelecimentos da economia local, por questões mesquinhas.
O Regulamento
dos Horários terá sido um dos instrumentos, para a caça às bruxas que já deu
mau resultado.
Sem desvalorizar
a necessidade de conter os comportamentos, menos dignos, em vez de aplicar prepotência
policial, a uma economia sazonal que tem dificuldades, a Autarquia devia mostrar
valentia noutras vertentes. Mandar as suas tropas averiguarem as condições do Centro
de Saúde e preocupar-se com as lacunas que dificultam a vida das pessoas e
desvalorizam a imagem de Albufeira.
O elevador e a
escada rolante ficam fora de serviço, assiduamente. O Giro nasceu grande, mas não
serve os utentes como devia. As praias, cuja jurisdição de algumas devia pertencer
à Autarquia, carecem de atenção, tanto nas facilidades e serviços básicos, como
na segurança. Nalgumas zonas, a iluminação pública faz-se tardiamente, para evitar
um custo que não compensa a vergonha. As condutas da rede de água têm fugas e rebentam
pelas costuras. As ruas e as estradas estão num estado lastimável e a limpeza da
cidade é deficiente. Ainda assim, a dimensão estrutural continua a ser o factor
que pesa mais no orçamento.
Os albufeirenses
mostram-se críticos em relação a estes e outros entraves.
Hoje, o concelho
tem hotéis e aldeamentos encerrados que diminuem a sua imagem. Das imparidades
prediais, deficientemente avaliadas em sede de IMI, e das obras, ainda em fase
de esqueleto, que já se transformaram em autênticas aberrações, algumas terão sido
contabilizadas nos balanços dos bancos.
Em relação ao
que correu mal pode haver quem diga que foi erro dos investidores. Mas, a
Autarquia teve culpas e o Gabinete do Empreendedorísmo devia preocupar-se com estes
pendentes em vez de se deixar seduzir pelas cervejas.
Henrique Coelho
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