Jornal de
Albufeira, Ago. 2013
Imparidades Prediais.
Está-se perante uma
operação de reavaliação do património predial cujo resultado, em sede de IMI,
constitui o castigo doloroso que muitos não vão aguentar.
Os valores tributários
já não tinham nada a ver com a emblemática “décima”
do antigamente, devido a transmissões de bens, alterações físicas dos prédios
urbanos, e construções recentes.
Os valores venais
desceram substancialmente. Ainda assim, prédios com valores tributários já
consideráveis estão a ser alvo de reavaliações, com subidas, nalguns casos, superiores
a 100 por cento.
Numa das
situações que analisei o aumento é superior a 1.370 por cento.
Se a intenção é
surpreender a Troika e as Agências de Rating, com um upgrade predial do País,
tenho dúvidas que o objectivo seja conseguido. A ligeireza dos governantes que
promoveram austeridade e o cerco apertado à economia torna Portugal mais pobre,
a cada dia que passa.
O que está a ser
feito corresponde a oficializar imparidades prediais e há o risco de muitas
delas virem a ser penhoradas, por falta de liquidez dos seus proprietários. Por
outro lado, o facto dos fundos imobiliários, normalmente, pertencentes aos
bancos, não estarem abrangidos pelo cumprimento desta obrigação, revela falta
de equidade fiscal.
O índice do
mercado imobiliário está num nível muito baixo e a necessidade das famílias realizarem
fundos, para a sua sobrevivência, promove uma nova realidade - dumping predial.
Salvo, se as Finanças assumirem a posse dos prédios pelos valores patrimoniais que
atribuíram. A medida seria vantajosa, para o Estado, quando comparada com o critério
adoptado, para os activos tóxicos do BPN que os angolanos rejeitaram.
Para a Autarquia
de Albufeira, este processo controverso vai resultar num encaixe, deste
imposto, em 2014, previsivelmente, superior ao dobro de 2012. Desta forma, não
se percebe por que carga de água a Assembleia Municipal deliberou a subida das
taxas de incidência.
Outras Autarquias
entenderam a situação de forma diferente e baixaram as referidas taxas. Tal
como noticiado na imprensa, Lisboa pratica 0,3 pontos percentuais.
Os munícipes de
Albufeira merecem uma explicação convincente dos seus autarcas que já se
preparam para novas promessas eleitoralistas.
Este ataque, desencadeado
pelas Finanças e agravado por algumas Autarquias, cria sentimento de
arrependimento a quem se esforçou, para arranjar algum património, e vê-se
penalizado por falsos democratas que gastaram recursos, em extravagância, permitiram
ou foram coniventes com o enriquecimento de outros malabaristas, e fizeram
dívida pública que tem de ser regularizada.
O nível da
auto-estima anda muito baixo e as pessoas estão desmotivadas e sentem-se enfraquecidas.
São frequentes os casos de depressão de indivíduos com dificuldades para aceitarem
os resultados desta hecatombe. Este grito de alarme não pode deixar de ser
entoado, numa altura em que está tudo mal e a tendência, ainda, é para piorar.
Perante a afronta
de políticos, mal enquadrados nas realidades locais, regionais e nacionais, os eleitores
devem manter a serenidade e serem exigentes nas suas escolhas, para não
voltarem a cair na esparrela de gente perversa, nos próximos actos eleitorais.
Henrique Coelho
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