Notícias de
Albufeira, 01 Fev 2011
O Risco da “Capital do Turismo”
A construção imobiliária
caiu a pico e a receita, inerente, da Autarquia, passou a ser irrisória. É
altura para gerir com racionalidade e cortar no supérfluo. Ainda assim, há recursos
que garantem desafogo. Nomeadamente, o encaixe de IMI será invejável, quando
comparado com outros municípios, e está constantemente a subir, devido às
reavaliações dos respectivos prédios, com retroactividade, nalguns casos.
Aliás, a queda da verba inscrita, nesta
rubrica do orçamento da Autarquia, para este ano, só pode dever-se a correcção,
por falta de rigor na elaboração do orçamento anterior, uma vez que o parque
imobiliário mantém-se e as taxas não desceram.
Parece estar em
curso uma reforma para reorganizar serviços e renomear chefias. Contudo, a particularidade
da economia não terá sido considerada. Há lacunas que se agudizam, devido às
repercussões da nova dinâmica no turismo, e continua a não ser interiorizado o dever
público da Autarquia apoiar o “core
business” do concelho de forma apropriada.
Reitero o meu
apreço pela boa vontade do Senhor Presidente da Câmara. Mas, se por um lado, verifica-se
algum avanço na promoção de Albufeira, com diplomacia de conjuntura, por outro há
o risco do seu consulado terminar e da “Capital
do Turismo” não ter estrutura, nem meios, para alavancar este processo.
Já se vislumbra
o insólito, por não ter sido institucionalizada estrutura pública, para divulgar
Albufeira, com recurso a financiamento maioritariamente privado, na base da
equidade para todos os que beneficiam, directa e indirectamente, do turismo.
Atendendo à dimensão
da oferta e à abrangência das expectativas, a falta de promoção nos mercados, também
devido à nova postura dos operadores tradicionais, compromete a competitividade
da marca turística e tem reflexos negativos, do ponto de vista económico-financeiro,
para as empresas e para as famílias do concelho.
Quando se fala
de promoção turística seria lógico pensarmos na responsabilidade da ERTA, em
promover o Algarve, e da quota-parte de benefício para Albufeira. Porém, já se
percebe que o buraco do governo faz reduzir, ainda mais, a dotação.
Tal como era de
esperar, operadores turísticos emblemáticos deixaram o Algarve, entre Outubro e
Maio, e a primeira consequência foi o encerramento, temporário, de alguns
hotéis, ao contrário de anos anteriores.
Há dias, num voo
EasyJet, Londres – Faro, presenciei apenas 25 passageiros. Estamos na época
baixa. Mas, é assustador pensar no que pode acontecer, se as LowCost tiverem de reduzir a operação,
por falta de apetência pelo destino.
Albufeira já tem
1/2 século de experiência, na indústria que sustenta a sua economia. Como tal, devia
ter sabido antecipar orientações, para atenuar o efeito negativo das mudanças expectáveis.
As associações
empresariais tinham o dever de aconselhar os empresários a prepararem a sua entrada
estratégica, no mercado da intermediação de reservas online, numa lógica de investimento, através de empresa de capital
aberto, com capacidade para crescer, optimizar meios, diversificar produtos e
negociar parcerias. Fiz alusão ao assunto, em Dez. de 2005, Dez. de 2007, Nov.
de 2008, Mar. de 2010 e Maio de 2010, e percebi que não havia vocação para
estas reflexões.
É pena os anos
perdidos e a arrogância que não permitiu alicerçar conceito de diálogo, em
moldes adequados, para analisar e debater aspectos importantes, da vida
económica do concelho, numa base profícua.
O fórum de diálogo,
que propus há quase sete anos, sob a égide de uma associação eclipsada com a
Autarquia, teria ajudado a mudar atitudes e a dimensionar estrutura versátil,
para conciliar a especificidade e projectar o concelho, na rota segura do
desenvolvimento sustentável e na diversidade da base da sua economia.
Em suma, diria
que, se por um lado, há falta de sensibilidade, para o turismo ser tido como a única
força motora da economia do concelho, por outro, as empresas já deviam ter percebido
o seu interesse em se unirem, de forma producente, para valorizar e complementar
as suas posições.
Com esta
especificidade, que requer a abordagem de princípios básicos e de outras questões
relevantes, só o diálogo franco e aberto pode encorajar e estimular a cumplicidade,
que deve existir, também, entre a Autarquia e o sector privado, para haver
prosperidade económica e coesão social.
Henrique Coelho
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