Jornal Notícias de
Albufeira,15 Jun 2011
O Povo Decidiu… E Agora, há PASSOS a dar.
O primeiro passo
está dado e ele é importante para a Troika, que lidera a ajuda externa,
perceber a vontade de mudança dos portugueses. As agências de rating, também farão
a sua leitura e julgo que há, agora, mais condições para os mercados
financeiros aliviarem a fúria.
Porém, Portugal
precisa de muito mais, para recuperar da crise e voltar a crescer.
Os portugueses estão
preocupados. Contudo, muitos mostram-se ainda indiferentes à questão política e
parecem carregar uma espécie de “bad-dreams
memory” que os incentiva a atitudes indignas, em relação a tudo o que mexe à
sua volta.
Como cidadão, interessado
na melhoria das situações anómalas, tenho produzido comentários de índole
local, regional, e nacional, alguns, publicados na imprensa.
Para além do feedback,
de que me regozijo, registo o desinteresse inocente, de uns, e, também, observo
os gestos evasivos, envoltos de arrogância camuflada, de outros. É curioso que
estes últimos são, muitas vezes, oriundos do quadrante que não devia sentir-se incomodado.
Percebe-se que há, ainda, dificuldade em tolerar a participação cívica que
devia ter aceitação democrática.
Quanto este povo,
ainda, precisa de evoluir… Meu Deus!
Para mim, a
culpa é dos partidos que têm servido, apenas, para a tomada do poder. A maioria
destas montras opacas da democracia, espalhadas pelo país, fechou-se em torno de
uma classe de “patriotas”, que nunca se interessou, verdadeiramente, pela
emancipação política das populações.
Do leque das
opções, as escolhas têm recaído, normalmente, sobre os mesmos, para representar,
brotar sorrisos, e fazer boas e más promessas. Logo, de seguida, fecham, de
novo, as portas das supostas escolas da democracia e os eleitos assumem o estatuto
de “gente importante” até à próxima campanha.
Ainda há quem se
atreve a dar ideias que mereciam não morrer na gaveta. Mas, do outro lado, o silêncio
é cortante ou surge alguém a dizer, “o
gajo fala de mais”, em vez de haver vontade para acolher o hipotético contributo.
Estes desencontros
tácticos, reveladores do défice da humildade democrática, associados ao
comportamento dos “chicos-espertos”, cuja moral está confinada a interesses
pessoais e corporativos, à moda áfrico-latina, têm prejudicado o estímulo dos valores
da cidadania e, também, contribuíram para o afundanço do país.
A campanha
eleitoral foi pouco esclarecedora. No entanto, a mensagem passou, ao contrário
de 2009, e o resultado teria sido, ainda, mais expressivo se fosse desmascarada
a “fraude” que o Eng. José Sócrates conseguiu manter intocável.
É um facto que a
crise política não foi criada pelo PSD. Quem a criou foi o governo, que não se
prontificou a negociar, previamente, o conteúdo do PEC-4, com a oposição, à
semelhança dos planos anteriores. O primeiro-ministro preferiu lançar a
proposta, ao estilo de moção de confiança, para o Parlamento decidir. Se o Dr.
Passos Coelho desse ámen, ao facto consumado, teria aberto uma crise no seu
partido.
O Eng. Sócrates não
é ingénuo e sabia destas coisas. Enquanto geria a intentona e desviava-se dos
seus fracassos, já contava com este desfecho eleitoral. Só não contou com as
dificuldades da banca e com a necessidade de ter de ser, ainda, o seu governo, a
pedir a ajuda externa que recusava. Que o diga o seu ministro das finanças.
O senhor
engenheiro falhou, politicamente, e o seu protagonismo terminou, a bem da nação.
O lugar que lhe será reservado na história fica a dever-se, sobretudo, aos danos
que causou a Portugal.
Agora há uma
maioria parlamentar e a crise política está ultrapassada. Porém, se o novo
governo não reunir, rapidamente, as condições para iniciar reformas, varrer o
lixo tóxico, e incentivar o crescimento da economia, haverá uma recaída.
Portugal deixa de ter acesso aos mercados financeiros e de puder assumir os compromissos.
Incluindo o serviço da dívida. Desta forma, abre-se a via da bancarrota e a
situação torna-se, ainda, mais complicada para os portugueses.
Por outro lado, impõem-se
mudanças profundas, tanto no funcionamento dos partidos políticos, como nas atitudes
e nas mentalidades dos portugueses. Caso contrário, o país continuará a padecer
das suas insuficiências e a ser abusado por lobbies imbecis.
Henrique Coelho
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