quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Carta ao POLIS de Albufeira



Albufeira, 02 de Maio de 2002




À


SOC.DESENV. DO PROGRAMA POLIS-ALBUFEIRA


C/cópia para o SR.PRESIDENTE DA C.M.- ALBUFEIRA




    Quando no dia 30 de Abril último encontrava-me no hall da Câmara Municipal, começando a olhar para um quadro sobre o Programa Polis, fui abordado por um senhor com aspecto de funcionário que me perguntou se necessitava de esclarecimentos sobre a matéria. Disse-lhe que sim porque na verdade toda a informação que tinha era com base em conversas pouco esclarecedoras. Fui então convidado a acompanhar o referido senhor que penso ser funcionário da Empresa promotora do Polis e que, de uma maneira muito profissional e esclarecedora, me deu conta daquilo que nesta fase pode ser considerada uma proposta técnica, agora, exposta à discussão pública, para as grandes obras e modificações a serem levadas a cabo em Albufeira.


    Assim, depois de me considerar mais esclarecido sobre esta questão, deixei duas sugestões, por escrito, mas porque tudo aconteceu muito espontaneamente, gostaria de as colocar de novo, melhor fundamentadas.




1ª. Sugestão:  TELEFÉRICO


    Esta é uma ideia antiga que até à realização da Expo-98 em Lisboa não comentava com ninguém porque pensava que poderiam chamar-me louco.


    Depois de verificar o sucesso que este tipo de equipamento teve em Lisboa estou em condições para afirmar, sem preconceitos, que tendo Albufeira condições excepcionais, devido à configuração do terreno, a sua imagem seria fortemente reforçada com esta iniciativa, que é invulgar, e contribuiria para a diversificação do produto turístico que é oferecido. 


    Tanto a população local e mesmo regional, como todos os que nos visitam, na condição de turistas, sentiam atracção por este equipamento e apetência para a sua utilização, transformando-o, naturalmente, num autêntico sucesso.


     No caso do Programa Polis não poder acolher esta sugestão, pela importância que ela representa, deveria a CMA desenvolver esforços no sentido da mesma vir a ter a sua concretização, por concurso público de concessão a privados, sem peso financeiro para o seu orçamento.




2ª.Sugestão: ESTAÇÃO RODOVIÁRIA DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS


    Ao longo dos anos tenho vindo a ver os autocarros das carreiras locais e regionais estacionados no final da Av. 25 de Abril., na Av. da Liberdade, sempre acompanhados de uma barraca de apoio sem condições para os trabalhadores muito menos para os seus utentes e, mais uma vez, estes serviços mudaram de residência, segundo se consta provisoriamente, para uma zona habitacional que não será o destino para quem os utiliza.


    Isto é no mínimo vergonhoso se pensarmos que o turismo e os transportes públicos de passageiros são áreas de interacção e que Albufeira pretende ser a capital do turismo no Algarve.


    A CMA, inexplicavelmente, não tem demonstrado vontade para resolver o problema da estação rodoviária, porque senão teria pelo menos ponderado a hipótese de a ter construído no Vale Santa Maria onde gastou centenas de milhares de contos, no buraco do parque lúdico, mal localizado para o fim pretendido, sem condições de segurança para crianças e por isso deserto de pessoas, o que demonstra sobejamente o erro cometido e a consequente má utilização do dinheiro público.


    Contudo, nunca é tarde de mais para serem reparados os erros que permanecem pelo que no meu entender e de muita gente com quem tenho debatido este assunto, seria de bom-tom que o referido parque lúdico fosse demolido e nesse espaço construído um edifício que comportasse no rés-do-chão/cave a Estação Rodoviária de Transporte de Passageiros, dotado das infra-estruturas necessárias, nomeadamente, escritórios para as companhias transportadoras, sala de espera para passageiros, posto de turismo, pastelaria, posto de venda de jornais e revistas, banco de depósito de bagagens, multibanco, espaço para alguns taxis, sanitários, etc., e no piso ou pisos superiores parque de estacionamento para automóveis e zonas ajardinadas.


    Note-se que deste local ao centro da cidade qualquer pessoa a pé demora no máximo cinco minutos e está servido com vias de comunicação, à sua volta, de boa dimensão, podendo se concluir que trata-se de uma excelente localização.


    A estação rodoviária a ser construída neste local, seria considerada um investimento porque para além das contrapartidas financeiras resultantes da sua exploração, resultaria num benefício evidente para a grande maioria dos utentes dos transportes públicos.


    Pelo contrário o parque lúdico terá de ser considerado um custo que só serve para demonstrar a incompetência e fraca capacidade de quem o mandou construir.


    Tal como em relação ao teleférico, também aqui, caso o Polis não contemple esta situação, deveria a CMA desenvolver esforços para torná-la realizável, até porque a Câmara deve sentir-se responsável e resolver uma situação que ela própria criou.


    Haviam outras sugestões mas penso que estas duas se tivessem sucesso já serviam para satisfazer muita gente o que me agradava bastante.


Quero aproveitar para saudar os Técnicos do Programa Polis-Albufeira, porque partilho dos mesmos pontos de vista, em relação a muito do que está contemplado, de acordo com a informação que me foi prestada.




    Resta-me esperar para na realidade ver o que vai acontecer, sempre com espírito crítico mas nunca destrutivo e com a esperança de que depois do programa Polis concluído, a CMA ou qualquer outra entidade tenha a vontade e a capacidade para zelar e manter em bom estado de conservação a obra feita e o mobiliário de rua, que deverá ser de melhor qualidade que o existente.


    Esta preocupação tem a ver com muito do que se passa em Albufeira. No concreto e como exemplo foram gastos milhares de contos a construir passeios à beira das estradas do concelho que estão sendo danificados por ervas, que aí nascem e vão crescendo. Esta e outras situações semelhantes, que resultam em prejuízos e demonstram desleixo, não têm razão de existir porque há os meios para atacá-las. Era somente necessário um pouco de organização e responsabilizar quem tem por incumbência as tarefas, para que este estado de coisas não se verificasse.


    Pondo-me desde já à V/inteira disposição para mais esclarecimentos, apresento os meus sinceros cumprimentos,




Atenciosamente,




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Henrique Coelho

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