sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Inovar na promocão

Notícias de Albufeira, 15/Mai/2010

    Inovar na Promoção e no Produto para Animar a Economia

    O retorno de contactos com operadores turísticos tradicionais será cada vez mais escasso, quando se fala de promoção. Com as mudanças que prevejo, vai ser irrelevante, para estas entidades, promoverem os destinos turísticos.
    O interesse de cada uma, pauta-se por divulgar e promover a sua plataforma de intermediação de negócios online, para competir com as suas congéneres, e atrair o potencial de clientes do mundo, que pretende reservar estadias no mundo.
    Estes operadores tinham a fama de controlar mercados e desviar fluxos, para onde lhes convinha. Ainda assim, “garantiam” a ocupação das unidades com as quais negociavam allotments. Essa garantia vai passar a depender dos próprios prestadores dos serviços, da perspicácia promocional das marcas turísticas, locais e regionais, e dos operadores aéreos de formato low cost. É o que vai influenciar a opção do cliente, cada vez mais, a reservar online.
    Nesta perspectiva, o conceito da promoção turística, no exterior, terá de ser repensado. As entidades com responsabilidades nesta área devem focar, os públicos dos mercados emissores e protagonizarem campanhas inovadoras.
    Nada deve ser deixado ao acaso e têm de ser equacionadas todas as hipóteses, para atingir potenciais clientes. O Destino Algarve, tal como Albufeira, devem marcar presenças, de forma exemplar, nos certames da especialidade e realizar eventos isolados, numa base de co-promoção, que incorpore outras temáticas e outros produtos da região. O tempo dos “lonely rangers” já acabou.
    Para a mediatização das iniciativas será aconselhável, nalgumas situações, misturar diplomacia adequada, numa perspectiva cultural, ou de outra índole, que tenha o mérito de ser correspondida ao mesmo nível. Veja-se os resultados obtidos, em Espanha, com a diplomacia que tem sido exercida, pelo Senhor Presidente da Câmara.
    Há quem diga que o Algarve criou afinidade, excessiva, com os britânicos, e, por isso, tem problemas. Não tenho dúvida que o destino já atingiu maturidade para tratar todos os visitantes da melhor maneira, independentemente, das suas origens. Nesta perspectiva, a componente preconceituosa dessa argumentação, não merece crédito.
    Mesmo considerando a quebra profunda, os fluxos britânicos estão à frente no ranking dos mercados. Têm contribuído com a maior fatia da receita turística do Algarve e a sua vivacidade cria a atmosfera que também cativa e agrada outras nacionalidades. Nestas circunstâncias, não tem de haver complexos e o Destino deve sentir-se orgulhoso, por merecer a preferência daquele mercado.
    Sendo que os britânicos são decisivos, para o sucesso da operação turística, o Algarve tem de recorrer a uma política de marketing, bem trabalhada, com argumentos fortes, para não perder competitividade no Reino Unido, sob pena de ser preterido a favor de outros concorrentes mais audazes.
Isto não invalida o esforço que também deve ser feito noutros mercados, com condições para os seus fluxos voltarem a crescer.
    É necessário entender a importância das companhias aéreas low cost. Actualmente, se estes operadores deixassem de voar, para o Algarve, seria o desastre económico da região. E, ainda, é preciso perceber que a viabilidade das suas rotas depende da capacidade do destino se promover e atrair visitantes.

    Jamais os mercados voltarão a normalizar para os padrões que eram tradicionais. O descomprometimento dos operadores turísticos vai liberalizar o redireccionamento dos fluxos para os destinos que souberem evidenciar, melhor, a sua eficácia.
    Em termos de competitividade, Albufeira não está preparada para este embate. Tenta colmatar a situação com preços, exageradamente, baixos. Este facto, associado a uma forte contenção no consumo, é responsável pelo estrangulamento financeiro, que compromete a performance de resultados e fragiliza a economia.
    O grande desafio que tem de se colocar é de competências e de capacidades. No aspecto público, falta entender a especificidade da economia do concelho, para perceber que a promoção da marca Turismo de Albufeira não beneficia, apenas, os negócios, directamente, ligados ao turismo. Pela abrangência dos interesses em jogo, a questão tem de ter carácter público. Por sua vez, Albufeira necessita de desenvolver plano, consubstanciado em sub-produtos atractivos, para complementar o produto turístico de base, e não pode continuar a descaracterizar-se e a denegrir a sua imagem.
    No aspecto privado há necessidade de outro tipo de organização que constitua observatório, do desempenho económico, e privilegie o esclarecimento, para o investimento conduzir a desenvolvimento sustentável sem atropelos.
    Se, não houver disponibilidade, para entender estas necessidades, o que requer diálogo e concertação das posições, que resultam de interesses legítimos, a economia do concelho poderá entrar numa espiral descendente, incontrolável, e o desemprego dispara para índice muito mais elevado.
    É frequente erguer-se a bandeira social, em momentos de crise. Mas, não devemos ter ilusões. A questão social só é resolvida, de forma sustentada, se a economia reunir as condições para ter sucesso.
          


Henrique Coelho

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