Feito este pequeno balanço,
percebe-se que nem tudo correu da melhor maneira e que “Albufeira Precisa
de Mais”, tal como venho afirmando.
Medidas para o Concelho Desencalhar
A Autarquia deve virar-se mais para a comunidade e ajudar os
munícipes a concretizarem as suas aspirações, dentro dos parâmetros da lei e dos
regulamentos aprovados democraticamente. Se, por um lado, a sua estrutura está
sobredimensionada, por outro, carece de instrumentos de controlo e de auditoria. É notória a falta
de optimizar meios, agilizar métodos, e de ajustar em
função da conjuntura. Em nenhuma circunstância, a sua autoridade esteve
em risco e a particularidade do concelho não justifica
o actual dispositivo de Polícia Municipal, com guardas à ordem de crachá à moda
antiga, ao mesmo tempo que mantém a brigada de fiscalização em funções.
Precisa valorizar a formação dos seus trabalhadores, numa óptica de serviço
público. E, sendo que a densidade turística não entra nos cadernos
eleitorais, o eventual incumprimento na contratualização de recursos humanos
tem de ser admitido pela Tutela. Aliás, a
Autarquia deve fazer ouvir a sua voz no que toca à especificidade do concelho
e, também, sobre os encargos que resultam da transferência de competências. É
preciso avaliar a natureza dos serviços externos e analisar os contratos de outsourcing. Verifica-se um
conjunto de anomalias na cidade, que constitui perigo público, e, aparentemente,
não há ninguém para resolver a situação.
No aspecto da economia privada, a Autarquia deve afirmar-se
como parceiro sempre presente e patrocinar encontros de empresários, com outras
entidades, no propósito de analisar novas oportunidades para o concelho e criar
emprego. O Gabinete de
Empreendedorísmo tem de ser reorientado para
melhorar a sua prestação nas questões relacionadas com a economia local.
O concelho tem potencialidades para atrair investimento e é preciso incentivar
os empresários locais a juntarem-se, para melhorarem a dimensão, sobretudo em iniciativas novas,
e despertar a vontade de inovar, para diversificar a economia, torná-la mais sustentável e
fazer baixar o risco dos investidores. Está a faltar mais um campo de golfe e outras complementaridades lúdicas, de
destaque, enquadráveis na vocação turística.
O aspecto rural não é esquecido. Deve haver articulação
com as entidades tutelares e a Caixa Agrícola para os empresários do sector
concretizarem projectos de exploração. O seu entrosamento com as sinergias do turismo
contribuía para uma maior coesão económica e social do concelho.
A necessidade de investimento público, para valorizar a marca turística, há muito que devia estar interiorizada.
Neste aspecto, a prioridade inadiável
é pôr em marcha um plano que classifico de “Agenda a Cinco Anos”. Este plano
assenta na Ligação do Túnel à Marina e na Requalificação do Porto de Abrigo. As
respectivas obras, escalonadas, tinham de contar com apoios do Poder Central e
da União Europeia. A negociação de concessões a prazo com privados, incluindo obras
específicas e de pormenor, vigiadas e acompanhadas pela Autarquia, era uma
ajuda para o plano ir em frente. Independentemente dos cenários, o importante é abrir
a “Agenda” cujas obras faseadas, para não perturbarem o normal funcionamento das actividades,
seguiam o seu curso em função dos fluxos financeiros.
A primeira fase seria dedicada a estudos e à
elaboração dos projectos. A Autarquia tem meios técnicos e humanos para
executar estas tarefas e apresentar maqueta com as respectivas memórias
descritivas. Era a altura para
sensibilizar o Poder Central, sobre a premência de vitalizar Albufeira e
candidatar os respectivos
projectos aos Fundos da União. Formular pedido à Agência Portuguesa do
Ambiente, para a frente de mar do Leixão dos Alhos ao Farol da Baleeira passar para
a jurisdição da Autarquia ou, no mínimo, negociar entendimento para agilizar a
logística inerente. As praias, o mar e o clima, constituem a atracão principal
da marca turística e, pelo menos, 3 ou 4 das mais concorridas têm de manter os
apoios, no inverno, em modo reduzido.
A segunda fase que já incluía a realização de obra, efectiva, seria projectar a
ligação do Passeio Marginal, ao Porto de Abrigo,
precedido de plataforma no extremo oeste da Praia do Peneco à cota do Elevador.
Colocação de esporão na Inatel, para cobrir tubagens de descarga e prevenir da
investida do mar, reparação do pontão da Praia dos Pescadores, com pedra solta, e entubação
da descarga de águas pluviais a nascente do Sol e Mar. A ponte elevada, projectada para
ligar o Passeio Marginal ao Porto de Abrigo, é um erro em todos os aspectos.
A terceira fase incluía passeio pedonal do
Túnel ao Passeio Marginal, a criação de infra-estruturas, na Praia do
Peneco, para serviços
polivalentes de apoio e lazer, e negociação com o concessionário
para vigiar,
cuidar, e zelar pelo funcionamento do ascensor público.
A quarta fase incluía molhe, com aprox. 1.000 metros, da Ponte de Fora,
apontado a sudeste com curva aligeirada, para sudoeste, ao encontro de um outro, avançado,
a partir do molhe do farol, de modo a situar a boca da barra, em águas
profundas, com abertura a sul ou a sueste, em função do resultado de estudos avalisados.
A provável tendência de assoreamento e a trasfega da areia do Porto de
Abrigo, criava condições para uma Praia de Naturismo, no lado sul do molhe do Farol, e Albufeira
alargava o leque da sua oferta.
A quinta e última fase incluía cais com condições logísticas e de
acostagem, no molhe da Ponte de Fora, para navios cruzeiro de médio porte. Estrutura para amarração de embarcações náutico-desportivas e de cruzeiros
de costa. E, na plataforma
de terra, instalações para clube naval, restaurante, combustíveis, praça
de táxis, serviços de apoio,
parque de estacionamento e áreas públicas.
Este plano estruturante resolvia o erro cometido, aquando da construção
da Marina, e a sua urgência justifica todo o empenho. Não tenho dúvidas que uma
vez concluído constituía o ex-líbris de Albufeira e seria decisivo para aliviar
o castigo da sazonalidade. Os visitantes saiam daqui com vontade de regressar,
incluindo os passageiros dos navios de cruzeiro.
Para a promoção da marca Albufeira, atendendo à especificidade da
economia, deve ser analisada a hipótese de implementar estrutura de marketing, de âmbito autárquico, com financiamento
adequado que respeite a equidade.
No campo das infra-estruturas públicas há outras carências não menos
importantes. Destaco a necessidade de melhorar as vias de comunicação,
requalificar a frente de mar da Estrada da
Orada, junto ao cemitério, onde não existe um único lugar de estacionamento, e substituir os ramais mais velhos
da rede de distribuição de água.
No aspecto ambiental, é preciso fazer reviver o Jardim da Meia Laranja. As áreas públicas do concelho devem ser
arborizadas, com espécies de primeira escolha, adequadas a cada espaço, em vez dos
troncos bexigosos que proliferam por aí. Substituir as palmeiras do eixo
viário por laranjeiras de fruta azeda que personificam melhor a região e têm um
custo menos dispendioso. Os mastros de cimento dos candeeiros do eixo viário
também devem ser substituídos, por outros menos perigosos, em função das hipóteses
de troca.
No aspecto social, apesar do concelho já dispor de alguns equipamentos, continua a haver défice
para a 3ª idade. Por
outro lado, a “capital do turismo” precisa de mão-de-obra qualificada para as
actividades turísticas. São realidades díspares que podem ser tratadas na
perspectiva de optimizar meios, para atingir objectivos. Nesta óptica a
Autarquia deve desenvolver esforços, para empreender um complexo social, no concelho, que contemple Lar,
Creche, e Pólo da Escola Hoteleira do Algarve, para ser explorado em regime de parceria pelas entidades com responsabilidades nas áreas respectivas. As Empresas de hotelaria, certamente, estariam disponíveis
para dar o seu apoio, na base de
protocolos com interesses recíprocos.
A Autarquia deve prestar assistência às IPSS e às Organizações Associativas do concelho, de forma
transparente, em função da folga orçamental e de benefícios inequívocos. Deve apoiar as
festividades tradicionais, nomeadamente, de carácter religioso, e os conceitos culturais
e desportivos, cujas dinâmicas contagiem a população e sobrevivam em contexto turístico.
O sucesso individual e colectivo passa pela formação académica. Nesta
perspectiva, a Autarquia deve apoiar a comunidade escolar e incentivá-la a melhorar a
sua performance. Os professores são uma referência, para os alunos, e o “coaching” é um método que
dá bons resultados.
Com vista a obviar
dificuldades deve ser criada uma loja de material didáctico, sem fins
lucrativos, para os diferentes graus de ensino, e de vestuário uniformizado
para os alunos do básico. Esta loja, a operar em rede com as Juntas de
Freguesia, pode assumir-se, também, como depósito de livros usados, para serem fornecidos, a custo zero, aos filhos das famílias
carenciadas.
Ainda no campo social, a Autarquia deve abrir concurso público, para Crematório
no Cemitério de Vale Pedras. O concessionário ficaria obrigado a realizar a obra respectiva, adquirir o
equipamento, redimensionar a Capela e tratar de toda a logística, inerente aos serviços
fúnebres e à conservação do Cemitério, sob a supervisão da Autarquia. A
centralidade, no contexto da região, e a crescente apetência pela cremação a
acrescentar à dificuldade do terreno consumir corpos, justificam esta opção. A
retenção de cadáveres em campa rasa, gaveta ou jazigo, deve restringir-se aos cidadãos que
residiam ou tenham familiares na freguesia. O tarifário do concessionário
teria, sempre, de ser proposto ao Executivo Camarário e aprovado pela
Assembleia Municipal.
Nos transportes
públicos, há carreiras que
andam vazias e é preciso analisar o assunto com todos os operadores. Reformular os circuitos do Giro, incentivar o seu
uso e promover a aquisição do passe de transporte. O sonho de um teleférico, para transporte
lúdico e reforçar a imagem da cidade, continua vivo.
O prognóstico está traçado. Se os senhores
autarcas quiserem ajudar a reparar as falhas económicas e sociais do concelho, têm aqui um
conjunto de propostas, sérias, para os milhões das aplicações financeiras da Autarquia.
...Nota adicional...Caro conterrâneo, e/ou Amigo de Albufeira, convido-o a desinibir-se e a deixar, aqui a Sua opinião sem limites. O Seu contributo individual é o que falta para melhorar no futuro.
O meu BEM-HAJA, para TODOS.