O IVA da Restauração
Há dias, um dirigente associativo veio confirmar, num jornal nacional, o
que escrevi neste espaço em Abril do ano passado. A subida do IVA da
restauração corresponde a um encargo de 77%.
Não obstando a legitimidade da reivindicação, a descida do referido imposto
voltou a ser negada na Assembleia da República.
Na minha percepção o motivo deste capricho reside no facto da
associação, porventura mais representativa do sector, não ter conseguido
demonstrar à tutela e aos senhores deputados, que a maioria dos restaurantes
tradicionais não tem condições objectivas, para repercutir a subida do IVA na sua
factura, e está completamente afogada.
Nem o estudo encomendado a uma empresa de auditoria, avalizada, foi
suficiente para encorajar os socorristas a salvarem os náufragos. São muitos os
que já se desvaneceram, com todas as consequências sociais e económicas.
Este País tem destas coisas. Por vezes mostra dificuldade em perceber as
evidências. Perante a carência, era preciso trabalhar melhor os dados e explicar
a especificidade desta actividade prestadora de serviços, de forma convincente,
para o assunto desafiar o escrutínio da opinião pública e merecer outra atenção
dos órgãos de soberania, mais consentânea com a racionalidade.
Tal como diz o povo, também os restaurantes não fazem omeletas sem ovos.
E, para a maioria dos empresários que cumpre as regras, ainda pior que suportar
as dificuldades é ter de trabalhar para o prejuízo efetivo.
Mar.2015 - Henrique Coelho