sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Agências de rating e a situação do país

Notícias de Albufeira, 15 Fev. 2010

    Agências de Rating e a Situação do País.

    Nos últimos dias tem-se falado muito das Agências Internacionais de Rating. De facto, o sucesso da economia portuguesa, que vive de crédito externo, depende dos sinais que o País transmite aos mercados e aos operadores.
    Há quem diga que a atribuição da recente notação de risco foi influenciada pela Grécia. Outros dizem que é do défice. Da parte dos governantes, os discursos divergem.
    Tudo se equaciona, dentro dos parâmetros definidos, pelas Agências de Rating que medem e analisam entidades, mercados, ocorrências, e factos.
    As características da nossa dívida podem ter semelhanças com a dívida grega. Ainda assim, o facto de alguém evidenciar dificuldade, em cumprir responsabilidades, não implica que outros sejam classificados de “caloteiros”.
    A questão do défice, também, vale o que vale, atendendo à actual situação de crise económica mundial e aos valores que outros países apresentam.
    Há questões de maior peso. Entre elas está a minha apologia, publicada neste Jornal, em 15 de Setembro do ano passado, quando ninguém parecia estar preocupado com o rating. Na altura, disse que os portugueses tinham credibilizado o País, com o resultado das eleições europeias. Deram argumento às Agências de Rating para atribuir notação favorável à capacidade do endividamento e aliviar o serviço da dívida.
    Estava convicto que a sua atitude nas eleições legislativas, que tiveram lugar a seguir, seria de reforçar o resultado. Mas, enganei-me. Tal não se verificou e deitaram tudo a perder. Preferiram suspeitos à frente dos destinos do País.
    A justificar está a Comunicação Social, frequentemente, a fazer eco da disfunção da nossa democracia, que se define por promiscuidade, compadrio e clientelismo. A ser verdade o que tem sido dito sobre o comportamento de políticos, e de outros protagonistas de cargos públicos importantes, está-se perante uma vergonha nacional que merece resposta urgente, para a credibilização do País.
    São mais que evidentes os casos, para uma Justiça que apresenta dificuldades.
    Gostava de ouvir o que “barões reformados”, do quadrante socialista, ainda, com vaidade de protagonismo, têm a dizer sobre as notícias de uma eventual tentativa, orquestrada pelos seus “súbditos”, para controlarem a liberdade de expressão.
    Para o povo, numa comparação entre esta democracia e a ditadura do Prof. Marcelo Caetano, já está em ascendente a preferência pela segunda.
    O que está em jogo é muito sério. Mas, os sinais que o País emite, não ficam por aqui.
    Há descontrolo das contas públicas, a todos os níveis, e as célebres derrapagens fazem subir a despesa, sem que ninguém seja chamado à responsabilidade.
    Estabelecem-se parcerias lesivas para o Estado e para a economia. Há obras públicas, desajustadas das necessidades, e anunciam-se outras, de rentabilidade duvidosa, que hipotecam o futuro.
    Os governantes não têm dado sinais positivos para o povo melhorar a auto-estima. Não analisaram, convenientemente, as potencialidades do País e não definiram estratégias correctas para a economia crescer, criar riqueza, e melhorar o estado-social. Pelo contrário, parece que se divertem com o desemprego a subir e com a política do subsídio-esmola, para responder a uma pobreza que cresce, assustadoramente, e se torna dependente.
    O que aconteceu na A.R., com a aprovação da alteração à lei das finanças regionais vai ter consequências nas contas do Estado. A Madeira terá sido prejudicada e o seu líder não perdeu a oportunidade de defender a região. Os Açores, certamente, também espreitam a possibilidade de tirar partido. Outros, ainda, já estarão a fazer contas para fundamentarem as suas reivindicações. Nesta situação, só a falta de bom senso, da maioria dos deputados, não permitiu reconhecer que o momento é de contenção.
    O País está mergulhado numa crise profunda, que tem ramificações a todos os níveis. Do desenrolar da situação, depende a hipótese de haver controlo externo, tal como acontece à Grécia.  



Henrique Coelho

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