Notícias de Albufeira, 15 Fev. 2010
Agências
de Rating e a Situação do País.
Nos últimos
dias tem-se falado muito das Agências Internacionais de Rating. De facto, o
sucesso da economia portuguesa, que vive de crédito externo, depende dos sinais
que o País transmite aos mercados e aos operadores.
Há quem diga
que a atribuição da recente notação de risco foi influenciada pela Grécia.
Outros dizem que é do défice. Da parte dos governantes, os discursos divergem.
Tudo se
equaciona, dentro dos parâmetros definidos, pelas Agências de Rating que medem
e analisam entidades, mercados, ocorrências, e factos.
As
características da nossa dívida podem ter semelhanças com a dívida grega. Ainda
assim, o facto de alguém evidenciar dificuldade, em cumprir responsabilidades, não
implica que outros sejam classificados de “caloteiros”.
A questão do
défice, também, vale o que vale, atendendo à actual situação de crise económica
mundial e aos valores que outros países apresentam.
Há questões de maior peso. Entre elas está a minha
apologia, publicada neste Jornal, em 15 de Setembro do ano passado, quando ninguém
parecia estar preocupado com o rating. Na altura, disse que os portugueses tinham
credibilizado o País, com o resultado das eleições europeias. Deram argumento às
Agências de Rating para atribuir notação favorável à capacidade do endividamento
e aliviar o serviço da dívida.
Estava convicto
que a sua atitude nas eleições legislativas, que tiveram lugar a seguir, seria
de reforçar o resultado. Mas, enganei-me. Tal não se verificou e deitaram tudo
a perder. Preferiram suspeitos à frente dos destinos do País.
A justificar
está a Comunicação Social, frequentemente, a fazer eco da disfunção da nossa
democracia, que se define por promiscuidade, compadrio e clientelismo. A ser
verdade o que tem sido dito sobre o comportamento de políticos, e de outros protagonistas
de cargos públicos importantes, está-se perante uma vergonha nacional que merece
resposta urgente, para a credibilização do País.
São mais que
evidentes os casos, para uma Justiça que apresenta dificuldades.
Gostava de
ouvir o que “barões reformados”, do quadrante socialista, ainda, com vaidade de
protagonismo, têm a dizer sobre as notícias de uma eventual tentativa,
orquestrada pelos seus “súbditos”, para controlarem a liberdade de expressão.
Para o povo,
numa comparação entre esta democracia e a ditadura do Prof. Marcelo Caetano, já
está em ascendente a preferência pela segunda.
O que está
em jogo é muito sério. Mas, os sinais que o País emite, não ficam por aqui.
Há descontrolo
das contas públicas, a todos os níveis, e as célebres derrapagens fazem subir a
despesa, sem que ninguém seja chamado à responsabilidade.
Estabelecem-se
parcerias lesivas para o Estado e para a economia. Há obras públicas, desajustadas
das necessidades, e anunciam-se outras, de rentabilidade duvidosa, que hipotecam
o futuro.
Os governantes
não têm dado sinais positivos para o povo melhorar a auto-estima. Não analisaram,
convenientemente, as potencialidades do País e não definiram estratégias
correctas para a economia crescer, criar riqueza, e melhorar o estado-social. Pelo
contrário, parece que se divertem com o desemprego a subir e com a política do
subsídio-esmola, para responder a uma pobreza que cresce, assustadoramente, e
se torna dependente.
O que
aconteceu na A.R., com a aprovação da alteração à lei das finanças regionais vai
ter consequências nas contas do Estado. A Madeira terá sido prejudicada e o seu
líder não perdeu a oportunidade de defender a região. Os Açores, certamente, também
espreitam a possibilidade de tirar partido. Outros, ainda, já estarão a fazer
contas para fundamentarem as suas reivindicações. Nesta situação, só a falta de
bom senso, da maioria dos deputados, não permitiu reconhecer que o momento é de
contenção.
O País está
mergulhado numa crise profunda, que tem ramificações a todos os níveis. Do
desenrolar da situação, depende a hipótese de haver controlo externo, tal como acontece
à Grécia.
Henrique
Coelho
Sem comentários:
Enviar um comentário