O Risco da
Baixa Ficar Submersa
26/10/2016
Está a fazer um ano que Albufeira viveu
momentos difíceis com a intempérie que se abateu no concelho. Choveu,
ininterruptamente e com intensidade, durante cerca de 12 horas. Apesar de invulgar,
a mesma situação de calamidade pode repetir-se em qualquer altura no período
das chuvas.
Nesta perspectiva, não é de mais voltar a aconselhável
desvios colaterais e represas, a montante, para controlar os fluxos da Ribeira
que deve estar limpa e desobstruída, antes das primeiras chuvas.
Há quem diga que a solução está a ser
trabalhada e é eficaz. Outros falam num túnel novo, cujos estudos já estão em
marcha. É estranho que, mormente esta hipótese explícita, altamente dispendiosa,
ainda, não tenha sido colocada à discussão pública.
O risco da baixa ficar submersa não é,
proeminentemente, por culpa da Ribeira ou insuficiência do túnel já existente. Na
última ocorrência de há dias, a Ribeira não trazia água. Ainda assim, houve
inundações e as consequências só não foram piores porque a maré estava vazia. Com
base nestes dados, investir noutro túnel seria enterrar recursos para resolver
coisa nenhuma.
O nível do oceano está a subir e o ramal de
descarga do pontão, sujeito a assoreamento, começa a ser uma via de retorno com
a maré-alta. Por outro lado, as águas pluviais, nomeadamente, dos Cerros do
Malpique e Alagoa que atingem a baixa, constituem um problema grave.
Não há muito a fazer, para além de rever o planeamento urbanístico e permeabilização de solos, dar atenção à limpeza das
sarjetas e tubagens, e fazer eco dos alertas meteorológicos.
Esta realidade torna-se, cada vez, mais
evidente e tem de ser encarada com seriedade, pelas entidades responsáveis. É
elementar que os proprietários de prédios na baixa sejam devidamente elucidados,
sobre os riscos, com vista a acautelar património.
Relacionado com esta matéria, aconselho a
leitura de: “O Tempo Acabará por Pintar um Quadro Irreversível”, publicado em Out. de 2014.