sábado, 4 de outubro de 2014

A revolução que fazia falta em Portugal

Notícias de Albufeira, 01Jul.2011

    A Revolução que fazia falta em Portugal.

    Por norma as revoluções consubstanciam-se em iniciativas armadas, militares ou de outra índole, com fundamento nas aspirações sociais profundas.
    O tipo da revolução que preconizo, para Portugal, neste momento, é diferente. Ajudava, sobretudo, o socialito a não ter de entrar com tanto guito, para acudir à situação de autêntica bancarrota, a que o país foi conduzido.
    Refiro-me à constituição de um Tribunal Especial, por um período de três anos, com hipótese de prolongar a sua vigência, em função das necessidades. Composto por juízes portugueses, mas, também, do Tribunal Europeu, para dar acolhimento a queixas, investigar situações, julgar factos e ocorrências, e condenar os infractores, que afundaram Portugal. Os veredictos finais não teriam direito a recurso.
    Era um método transparente de repor a verdade e de recuperar os valores que estão em falta nas suas origens. Há dias, um militar reformado, mostrando-se arrependimento por ter feito o 25 de Abril, o que lhe retira dignidade, dizia que uma revolução precisava, apenas, de 800 soldados. Com o meu plano, bastava uma dúzia de individualidades, envergando togas, para os resultados serem promissores.
    O estado do país resulta da incompetência e dos abusos cometidos por políticos e outros que alternaram cargos, cada um melhor remunerado que o outro, e, que, em situações extremas, optaram pela aposentação, com reformas chorudas, vivendo à grande e à francesa, sem serem incomodados. Enquanto os cidadãos que cumpriram as suas obrigações, com a corda na garganta, são chamados a mais sacrifícios e, nalguns casos, atirados para a pobreza.
    Há uma panóplia de questões que merecia ser averiguada: parcerias público-privadas; auto-estradas sem tráfego e outras obras desnecessárias, para satisfazer construtoras; transferências para institutos e fundações; cadernos de encargos, que permitiram derrapagens; contratualizações de outsourcing desnecessário; desempenhos de autarcas, de gestores de empresas públicas e também de algumas privadas, com elevada dispersão de capital.
    Era justo que os quadros das empresas públicas, com milhões de prejuízos acumulados, que receberam prémios, anuais, superiores ao que a maioria dos trabalhadores aufere, durante uma vida inteira de trabalho, tivessem de devolver 90%, desses valores, desde 2005, inclusivé. Com os restantes 10% e os benefícios usufruídos, do capital alheio, não podiam considerar-se defraudados.
    Estou convencido que o actual governo vai deparar-se com inúmeras fraudes camufladas. É preciso aprofundar a dimensão real da dívida e as causas devem merecer um tratamento exemplar.
    Este passado não pode ser, pura e simplesmente, perdoado e esquecido porque configura uma herança desgraçada, de compromisso que tem de ser assumido com dificuldades, para a esmagadora maioria dos portugueses que não beneficiou de malabarismos.
    Nesta perspectiva, qualquer iniciativa legislativa, quer do governo, quer dos partidos políticos, que surja no Parlamento, para ser feita a justiça que credibiliza Portugal e o seu povo, faz sentido e deve ser bem acolhida. Aliás, constituía estímulo mobilizador, para os portugueses enfrentarem as dificuldades com alguma serenidade.
    A verificar-se falta de interesse, nesta matéria, ela será reveladora da conivência dos protagonistas políticos, independentemente, das suas diferenças no discurso. Nestas condições, o repúdio, inerente, da sociedade civil, será lesivo para a economia nacional.
    Os portugueses têm o direito ao seu bom nome e o regime democrático sair-se-á muito mal, deste processo, se não mostrar vontade, para julgar e condenar os infractores que levaram o país à desgraça.


Henrique Coelho

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