quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O jogo das associações

Jornal Notícias de Albufeira, 01/Abr/2009

    O Jogo das Associações

    A quantidade de Associações, que existe em Albufeira, é surpreendente. Há as que estão envolvidas em boas causas, mas há outras desnecessárias. A acrescentar a este rol, ainda, há as de âmbito regional, que também gravitam no concelho.
    Estão todas perfiladas na mira do apoio financeiro da Autarquia.
    A solidariedade nesta vertente, não pode ceder a caprichos. Deve contemplar, apenas, as associações concelhias, que visam o progresso social e económico.
    Das organizações apoiadas, destaco o Clube de Pesca de Albufeira, de âmbito local, e a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, de âmbito regional, sediada em Albufeira. As situações não são novas. Mas, nem o tempo dá razão à sua existência.
    O Clube de Pesca formou-se, no intuito de ser criado espaço, para o convívio dos seus sócios. A iniciativa seria legítima se os protagonistas assumissem, na íntegra, os custos do seu capricho. Mas, a ajuda pública ao Clube, cuja visibilidade reside num estabelecimento com porta aberta, para concorrer com a restauração de Albufeira, é imoral. A oferta de restaurantes já é excessiva e há riscos de insolvência.
    A localização das suas instalações não confere vantagens para a prática das modalidades náuticas. Nestas condições, teria sido sensato dinamizar a secção de pesca desportiva, domiciliada no Imortal, e os seus impulsionadores fazerem uso dos restaurantes do concelho, para as suas refeições-convívio.
    A AHETA é uma duplicação de outra associação, também, de âmbito regional, sediada em Faro. A AIHSA, como se designa, esta última, tem longo historial, na representatividade do sector hoteleiro e similares, e está acreditada a vários níveis.
    A eficácia que destacadas figuras pretenderam imprimir, a este sector da representatividade empresarial, teria racionalidade e legitimidade, se contemplasse a estrutura que já existia. Bastava os protagonistas entregarem programa, e respectivas listas, à AIHSA, em período pré-eleitoral, e fazerem campanha.
    Dessa forma, era evitada a divisão e disputa pela mesma causa, que enfraquecem a representatividade empresarial do sector turístico. E, eram poupados recursos públicos, para apoiar outras carências locais e florir outros jardins.
    A configuração arquitectónica, da sede da AHETA, em forma de “mata-borrão”, pode pronunciar alguma intenção. Do discurso, depreende-se a vontade de estabelecer compromisso, com a sua congénere, para falarem a uma só voz. Mostra-se disponível, na partilha dos espaços, para optimizar recursos. Da sua atitude, resultou o arrendamento de escritório à Apal. Falta a inquilina colocar reclamo luminoso, na fachada do edifício, para a visibilidade a que terá direito.
    A AHETA resultou da ambição exagerada, que não respeitou a AIHSA nem o seu espaço natural. E, a questão tornou-se caricata, quando as duas direcções decidiram fazer crer, que não retinham rancores, e uniram-se no incentivo, à constituição da Apal, supostamente, para promover Albufeira.
    A esta convergência inexplicável e manifesta ausência de valores, junta-se-lhe o falhanço da estratégia. É um facto que a Apal nunca reuniu condições, para cumprir o seu objectivo. O desempenho é recorrente da sua falta de lógica, como estrutura. E, no historial, contam já vários episódios que demonstram desorientação.
    Por seu turno, as associações regionais não foram rigorosas, na análise da economia do concelho, e não perceberam que a estrutura, para promover Albufeira, era uma aposta perdida.

    Falharam no acompanhamento da Autarquia e induziram os associados em erro, sobre a contratualização financeira público-privada, estabelecida, para a promoção externa do Algarve. A versatilidade daquele modelo, tanto no financiamento como na aplicação dos recursos, não era exequível, e, por conseguinte, faliu.        
    Na actual situação, era pertinente a AIHSA e a AHETA, perceberem que a alternativa, para defenderem as empresas turísticas da região, é as suas direcções voltarem a convergir, como fizeram no caso da Apal, e encetarem diálogo, para a fusão das duas estruturas.
    O prémio “New Millenium Award”, atribuído a Albufeira, pelo Trade Leader`s Club, e recebido pelos Senhores, Presidente da Câmara e Presidente da Assembleia Municipal, no final do mês de Janeiro, em Espanha, comprova, que é a Autarquia quem exerce a divulgação e promoção, da marca turística de Albufeira, no exterior.
    Esta distinção veio realçar o último episódio, absurdo, ocorrido na Assembleia-Geral da Apal, de Dez.`08. De facto, foi estranho observar a rejeição de moção, digna, que enaltecia a determinação do Senhor Presidente da Câmara e o esforço da Autarquia, e pretendia incentivar a melhoria da promoção.       



Henrique Coelho.

Sem comentários:

Enviar um comentário