Ainda há quem
confunde produto com prestação de serviços.
Pelo que li na imprensa local, a Autarquia promoveu encontros com
empresários, para os estabelecimentos estarem abertos na época baixa e não
defraudar turistas.
À primeira vista isto podia fazer algum sentido. E os donos dos
estabelecimentos serão os primeiros a quererem fazer negócio. Mas, esta
pretensão não tem legitimidade.
A adopção do recente Conselho Municipal do Turismo, a combinar com o Corpo
de Conselheiros que propus em Junho de 2004, no âmbito da Apal, parece não ter
ajudado. Ainda há quem confunde produto turístico com prestação de serviços.
As obras da Polis não surtiram o efeito desejado. Deste modo, Albufeira
precisa de melhorar o seu produto de base, que é, em primeira instância, da
responsabilidade da Autarquia, e falta incentivos para a criação de
sub-produtos atractivos. É isto que tem de ser feito de forma irreverente, mas
com critério, conjugado com um modelo de promoção inteligente, para chamar os
turistas.
A prestação de serviços dos estabelecimentos é uma consequência lógica e
querer inverter esta ordem natural é não perceber a questão.
O divórcio da cidade em relação ao Porto de Abrigo e à Marina gerou uma desvalorização
substancial do produto. Mas a ligação respectiva não deve ser feita de qualquer
maneira. A ponte projectada não é solução. Dispenso-me de esgrimir esta matéria
porque já escrevi muito acerca do tema.
No contexto nacional, o turismo cresce a dois dígitos. Porém, em
Albufeira o produto não evoluiu e a falta de competitividade, inerente, tem
acentuado a sazonalidade. O índice de ocupação pode ter melhorado, estatisticamente,
mas os resultados das empresas são escassos. Mormente o sector da restauração
não descola.
Salvo raras excepções, os empresários que insistem em manter os seus estabelecimentos
abertos, na época baixa, lutam com a única arma que têm, ou seja, baixam as tarifas,
e, regra geral, não geram receita para assumir as responsabilidades.
Não é por acaso que a Autarquia se queixa do atraso na cobrança da água
da rede. Sendo que há ainda custos energéticos, taxas elevadíssimas, e outros
encargos a perder de vista.
A falta de análise, reflexão e ponderação que recheou o passado, tende a
continuar apesar dos show-meetings selectivos.
Porventura, mais virados para confraternizar, marcar presença e anotar as
ausências.
Tal como venho afirmando desde há muito “Albufeira Precisa de Mais”.
Enquanto o concelho se deixar nortear por cartilhas de autores sem
vocação, e ser palco de eventos desajustados da sua realidade, não desencalha.
Fev.2015 - Henrique Coelho