sábado, 4 de outubro de 2014

o Filet Mignon, acabou!

Jornal Notícias de Albufeira, 15Fev.2012

O Filet Mignon, acabou!

    Venho afirmando, desde há muito, que Albufeira precisa de mais. E, para ser mais claro, acrescento que, esta intuição já velha a fazer história, é a prova do meu inconformismo, em relação ao percurso que foi traçado para o concelho.
    Reconheço a importância do investimento, realizado, em equipamentos sócio-culturais e desportivos. Mas, o órgão executivo público, dominante, não entendeu a especificidade e não se estruturou, em tempo oportuno, numa visão dinamizadora, capaz de preservar a identidade, promover o desenvolvimento equilibrado, e estimular a economia, como era seu dever.
    Pelo contrário, sobredimensionou a sua estrutura física, de forma pouco compreensível, com base em crescimento orgânico, que não terá sido, convenientemente, alojado no seu sistema informático. Criou encargos desmesurados e contraiu dívida incomportável.
    Privilegiou o sector da imobiliária, na ânsia desenfreada de encaixar receita, sem exercer pedagogia, com enfoque na vocação turística, e não considerou o risco do destino se descaracterizar.
    Não fez as melhores escolhas, em função das necessidades prioritárias. Ainda, hoje, com o País à beira da bancarrota, está a ser construída uma via de ligação, à E.N.-125, que não trás nenhuma mais-valia. Antes pelo contrário, vai dificultar a área comercial do Vale Paraíso.
    No âmbito de uma apologia confusa, sobre promoção turística, com destaque para o programa allgarve, que contemplava interesses estranhos, e, mormente, para as extravagâncias populistas, de iniciativa local, a autarquia envolveu-se em dinâmicas dispendiosas, do ponto de vista financeiro.
    Há pequenos gestos mesquinhos de grande significado. Veja-se como a Autarquia, sem disponibilidade financeira para realizar espectáculos, ainda, tenta manter a sua política de parcialidade. Pretende aliciar artistas lúdicos, para o centro da cidade, sem o ridículo de cobrar-lhes taxa pelo uso do recinto.
    O executivo camarário esforça-se por colaborar com os espaços hegemónicos, onde já toda a gente vai naturalmente, mas falta-lhe sensibilidade para assumir a mesma postura, em relação ao resto do concelho. É caso para dizer, - “Basta de Ingerência Populista, Prejudicial à Economia”.
    De acordo com os últimos desenvolvimentos, a Autarquia está numa situação calamitosa e não é, apenas, da conjuntura. Resulta, em muito, de políticas levadas a cabo e das opções que acabaram por ter as piores repercussões, também, para a economia do concelho. Nada que não tenha previsto, e sobre o qual fiz reparos, em momentos oportunos.
    Como consequência da grave situação, já foi aprovada derrama pública, para este ano, quando as debilidades económicas e financeiras generalizam-se e o índice de desemprego está a bater recorde nacional.
    Vamos ver se quem comeu “filet mignon”, no passado, não perde a sua dignidade, nesta recta final, e contenta-se a “amaciar ossadas de vértebras lombares”, sem desertar.



Henrique Coelho

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