sábado, 4 de outubro de 2014

Albufeira perdeu-se...nas estratégias

Notícias de Albufeira, 15 Out. 2011

Albufeira Perdeu-se nas Estratégias.

    O cash-flow é baixo e as empresas têm falta de liquidez. A comprovar está a denúncia, do Senhor Presidente da Câmara, ao declarar para um jornal nacional que há hotéis com atrasos na liquidação das facturas de água da rede pública. E não serão, apenas, os hotéis e a água que estão em incumprimento.
    Cada vez sente-se mais a contenção no consumo. No pico da ocupação, à semelhança de anos anteriores, os veraneantes apinharam-se em apartamentos que deram lucro aos promotores imobiliários, no passado, e continuam a gerar IMI.
    A maioria destes turistas acorreu aos supermercados das grandes superfícies, onde, por sorte, ainda, não se vende pernoitas, e acrescentou pouco à economia local.
    Exibiram sombreiros à beira da linha de água e deixaram para trás os apoios de praia que, também, terão razões de queixa, devido à provável quebra de negócio. É a constatação de uma realidade que tem efeitos na economia de Albufeira.
    A natureza prendou o concelho com praias excelentes, mar calmo, e bom clima, cujo potencial permite colocar oferta, durante o ano. Porém, do lado público há mínguas. As potencialidades deviam ter sido melhor exploradas. Faltam facilidades e sub-produtos, para complementar o produto turístico de base.
    É oportuno referir que tenho alertado, insistentemente, para a necessidade do executivo camarário mudar de rumo, em matéria de turismo. Escuso-me de ajuizar as suas preferências pessoais e confesso que a deselegância das atitudes, ou a falta delas, em contexto democrático, não quebra amizades, nem é o que me apoquenta. Ainda assim, tendo em conta o interesse colectivo da minha terra, incomoda-me o desprezo que tem sido evidenciado, em relação às tentativas abnegadas de dar o meu contributo.
    Fiz o que estava ao meu alcance, para captar a atenção da referida classe influente. Porém, está comprovado que a frontalidade não faz o seu género e não admite sugestões, nem contraditório, de “outsiders”.
    Respeito a legitimidade dos eleitos. Porém, estou consciente da importância do diálogo e tenho uma visão diferente da democracia participativa.
    Nesta conformidade, mantenho-me fiel às posições que tenho assumido e julgo que os albufeirenses, também, já tenham percebido que o concelho merecia mais dignidade, no tratamento das questões inerentes ao seu desenvolvimento, em vez de ficar refém de comportamentos que tentam disfarçar arrogância e não ajudam a mediocridade.
    Neste Outono as condições meteorológicas, favoráveis, deram uma ajuda significativa à actividade turística. Ainda assim, já ninguém terá dúvidas que a reputação do destino tem vindo a regredir e que a falta de estratégias adequadas, para valorizar o produto, é responsável pelo fraco desempenho da economia e tem repercussões sociais.
    Depois de tantos anos de experiência, continua a não haver vontade para perceber que a especificidade da economia impunha outro tipo de organização, tanto pública como privada.
    Nomeadamente, estrutura de marketing, de âmbito público, enquadrada no contexto da especificidade económica, em vez do “faz de contas”, que, num jogo recíproco, com objectivos voláteis, estende o tapete vermelho, ao Senhor Presidente da Câmara, e até já conta com a distinta vénia, dos Presidentes das Juntas de Freguesia, para dar mais brilho às cerimónias.
    Refiro-me, obviamente, à “brincadeira” da Apal, que intrometeu-se e dificultou a hipótese de Albufeira implementar medidas a sério, para promover a sua marca turística, de forma digna, no país e no exterior.
    No primeiro ano de actividade, esta organização de estatuto duvidoso confundiu marketing territorial com promoção turística e assumiu a responsabilidade de realizar o arraial do fim de ano. Porém, não reuniu condições financeiras, para manter a mesma indução populista, nos anos seguintes.
    Em 2008 mostrou entusiasmo, em assumir o papel de plataforma online, para canalizar reservas de estadias. Passados três anos, o seu gestor de produto estará em condições de comprovar o mérito da iniciativa, ou já terá percebido que as questões decisivas, para o sucesso da economia, são assuntos sérios que carecem de ponderação.
    Pondo de lado os aspectos líricos e humorísticos, diria que Albufeira perdeu-se nas estratégias e gastou recursos em extravagâncias, quando, efectivamente, tinha condições para percorrer a via do progresso, sem comprometer a sua nobreza nem beliscar a dignidade.


Henrique Coelho

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