sábado, 4 de outubro de 2014

A democracia esta aÍ...para resolver

Notícia de Albufeira, 01 Abr 2011

    A Democracia Está Aí… para Resolver.

    A seguir ao 25 de Abril, logo que deixaram de ser entoados os slogans, próprios da revolução, uma boa parte dos nossos políticos pensou em interesses pessoais e moldou a democracia a jeito de contrair calote para o povo.
    Discursos simpáticos, em nome da cidadania e do dever cívico, têm mascarado o abuso destes protagonistas, normalmente, premiados e condecorados, mesmo com desempenhos medíocres.
    Em resultado da incompetência o País está “à rasca” e a vaca já não dá leite. Mas, desesperadamente, o governo continua a sugá-la, alegando o interesse nacional. Os pequenos negócios estão asfixiados, com a retracção do consumo interno e a subida dos impostos.
    Numa conjuntura de contenção, sem estratégia económica, à beira da recessão, as falências e o risco de insustentabilidade do estado-social, apontam o caminho da pobreza.
    Segundo dados de Bruxelas, o défice de 6,9%, para o ano transacto, está em dúvida e pode ultrapassar os 8 pontos percentuais. O deslindar de malabarismos prova que, afinal, o afundamento do rating da república, não é por culpa das agências de notação de risco. Isto acentua um problema de confiança que devia ficar esclarecido, antes das eleições, com uma auditoria às contas públicas.
    O governo iludiu, diabolicamente, os portugueses e, desta vez, premiou a União Europeia. Apresentou o pacote de austeridade, PEC-4, em Bruxelas, sem negociar com a oposição, nem dar cavaco a Cavaco e aos parceiros sociais. Já era responsável, pela crise económica e social, e, com a sua conduta arrogante, mergulhou o País numa crise política.
    Nestas circunstâncias, não houve margem para as portas do diálogo se abrirem e ser dado aval às novas pretensões. O clima crispado, de toda a oposição, e a vitimização, desavergonhada, dos membros do executivo, não podiam ter outro desfecho. E, por mais explicações que sejam dadas, a queda do governo é uma bênção tardia.
    Assumir os destinos do País, nesta conjuntura, não é fácil, até porque as dificuldades tenderão a agravar-se. Contudo, ceder, significava cheque em branco, para um executivo desacreditado, e constituía privilégio para os “boys” continuarem a sacar a descoberto.
    O País tem urgência em parar com a trapalhada que se instalou. Mas, o imbróglio na organização do Estado e a crise económico-financeira não se resolvem, com os partidos a friccionarem-se, num clima político que não visa o interesse nacional.
    Há necessidade de consenso alargado, no Parlamento, para um governo de legislatura efectuar as reformas estruturais que são absolutamente necessárias. Estimular o crescimento da economia, sem as parcerias que lesam as contas públicas, e dar credibilidade aos mercados. E, ainda, os novos governantes têm de ser hábeis e perspicazes, a defender Portugal, nas instâncias comunitárias. Quando o Ministro da Agricultura não defende quotas, nem usa a totalidade dos fundos disponíveis, não é patriota.
    Tendo em conta o superior interesse nacional, deve haver entendimento político, para funcionar depois das eleições, entre: PSD, CDS-PP e PCP, com distribuição de pastas por estes partidos.
    Excluir a esquerda, seria radicalizá-la, quando o País precisa de bom senso dos políticos e paz social. A responsabilização governativa do PCP, para quem preconizaria o Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social, contribuía para a contenção dos relatos, desadequados, que confundem a opinião pública.
    Entretanto, o Partido Socialista, que sairá chamuscado deste processo, tinha tempo para se entender com o seu líder, regenerar-se, reconciliar a sua identidade com o respectivo espaço político, e ensaiar oposição construtiva.


Henrique Coelho

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