Notícia de
Albufeira, 01 Abr 2011
A Democracia Está Aí… para Resolver.
A seguir ao 25 de
Abril, logo que deixaram de ser entoados os slogans, próprios da revolução, uma
boa parte dos nossos políticos pensou em interesses pessoais e moldou a
democracia a jeito de contrair calote para o povo.
Discursos
simpáticos, em nome da cidadania e do dever cívico, têm mascarado o abuso destes
protagonistas, normalmente, premiados e condecorados, mesmo com desempenhos
medíocres.
Em resultado da
incompetência o País está “à rasca” e a vaca já não dá leite. Mas, desesperadamente,
o governo continua a sugá-la, alegando o interesse nacional. Os pequenos
negócios estão asfixiados, com a retracção do consumo interno e a subida dos impostos.
Numa conjuntura
de contenção, sem estratégia económica, à beira da recessão, as falências e o
risco de insustentabilidade do estado-social, apontam o caminho da pobreza.
Segundo dados de
Bruxelas, o défice de 6,9%, para o ano transacto, está em dúvida e pode
ultrapassar os 8 pontos percentuais. O deslindar de malabarismos prova que,
afinal, o afundamento do rating da república, não é por culpa das agências de
notação de risco. Isto acentua um problema de confiança que devia ficar
esclarecido, antes das eleições, com uma auditoria às contas públicas.
O governo iludiu,
diabolicamente, os portugueses e, desta vez, premiou a União Europeia. Apresentou
o pacote de austeridade, PEC-4, em Bruxelas, sem negociar com a oposição, nem dar
cavaco a Cavaco e aos parceiros sociais. Já era responsável, pela crise
económica e social, e, com a sua conduta arrogante, mergulhou o País numa crise
política.
Nestas
circunstâncias, não houve margem para as portas do diálogo se abrirem e ser
dado aval às novas pretensões. O clima crispado, de toda a oposição, e a
vitimização, desavergonhada, dos membros do executivo, não podiam ter outro
desfecho. E, por mais explicações que sejam dadas, a queda do governo é uma
bênção tardia.
Assumir os
destinos do País, nesta conjuntura, não é fácil, até porque as dificuldades tenderão
a agravar-se. Contudo, ceder, significava cheque em branco, para um executivo
desacreditado, e constituía privilégio para os “boys” continuarem a sacar a descoberto.
O País tem
urgência em parar com a trapalhada que se instalou. Mas, o imbróglio na
organização do Estado e a crise económico-financeira não se resolvem, com os partidos
a friccionarem-se, num clima político que não visa o interesse nacional.
Há necessidade
de consenso alargado, no Parlamento, para um governo de legislatura efectuar as
reformas estruturais que são absolutamente necessárias. Estimular o crescimento
da economia, sem as parcerias que lesam as contas públicas, e dar credibilidade
aos mercados. E, ainda, os novos governantes têm de ser hábeis e perspicazes, a
defender Portugal, nas instâncias comunitárias. Quando o Ministro da
Agricultura não defende quotas, nem usa a totalidade dos fundos disponíveis,
não é patriota.
Tendo em conta o
superior interesse nacional, deve haver entendimento político, para funcionar depois
das eleições, entre: PSD,
CDS-PP e PCP, com distribuição
de pastas por estes partidos.
Excluir a
esquerda, seria radicalizá-la, quando o País precisa de bom senso dos políticos
e paz social. A responsabilização governativa do PCP, para quem preconizaria o
Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social, contribuía para a contenção
dos relatos, desadequados, que confundem a opinião pública.
Entretanto, o Partido
Socialista, que sairá chamuscado deste processo, tinha tempo para se entender
com o seu líder, regenerar-se, reconciliar a sua identidade com o respectivo espaço
político, e ensaiar oposição construtiva.
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