quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Orçamento Participativo - 2015

Jornal Notícias de Albufeira, Jun 2014
   
   Orçamento Participativo - 2015

    Desde as últimas autárquicas, com a Dra. Ana Vidigal a ser empossada, tardiamente, devido a entraves dos dirigentes da força política vencedora, tem-se notado acalmia em Albufeira.
    Governar não é tarefa fácil e a míngua financeira estará na base desta moleza aparente. Contudo, os órgãos autárquicos já podiam estar a transmitir uma perspectiva melhor para o concelho.
    No intuito de contornar o que se tornou óbvio, aprovaram normas para modelar um instrumento novo - o Orçamento Participativo.
    Apesar de a deliberação contemplar a cidadania, a dotação exígua de 60 mil euros, para “Ambiente, Desporto e Bem-estar”, durante o ano de 2015, em todo o concelho, desvaloriza a ambição dos munícipes e deixa dúvidas quanto ao uso da fatia grande do orçamento global.
    Em período de escassez financeira não é boa política criar sub-orçamentação e a falta de ponderação, nesta matéria, precipitou uma deliberação que ainda pode tornar-se controversa.
    Se o Executivo pretendia inovar, com recurso reduzido, podia ter direccionado o ensaio à população estudantil das escolas secundárias do concelho. A aposta era pedagógica, incentivava uma faixa etária promissora, com capacidade para influenciar, também, os mais velhos, e garantia o apreço de todos.      
    Dizem que há a pretensão de dar continuidade à política de proximidade. Ora, política de proximidade é o que não existiu no passado. O que se verificou foi populismo paroquiano que não deu atenção aos apelos e criou embaraço financeiro, para a Autarquia, com repercussões na vida dos albufeirenses.  
    Estes factos já foram censurados, nas urnas, com consequências políticas, apenas, para os protagonistas menos influentes. Sendo que, alguns destes, ainda acautelaram o seu vínculo à Autarquia noutras funções.
    Percebe-se que há, ainda, um caminho político, a percorrer, e reitero o que desde há muito venho afirmando, - “Albufeira Precisa de Mais”. Ainda assim, acredito na maturidade das pessoas que compõem os órgãos autárquicos e incito o Executivo a ser persuasivo, na sua política de proximidade. Nomeadamente, a convidar a população, para participar na definição das grandes opções e das carências do concelho. Em presidências abertas, à semelhança do que foi iniciado pelo ex-presidente da câmara, interino, nas freguesias. Sem limitação de ideais, nem tectos financeiros, para não constringir a capacidade dos participantes.
    Com a informação recolhida, muitas anomalias seriam reparadas de imediato, sem custos significativos. Em relação às grandes obras, depois de ponderar consensos e definir prioridades, a Autarquia diligenciava os apoios das respectivas tutelas e recorria aos seus técnicos, para elaborar projectos e colocá-los à apreciação pública. Quando houvesse dotação, ou abertura para candidaturas aos fundos da União, concretizava as aspirações.
    Este processo, pelo seu pragmatismo, evidenciava o interesse de conhecer as lacunas e mostrava a disponibilidade do Executivo, para melhorar o equilíbrio das dotações orçamentais. E, ainda, conduzia a um plano de opções, para o concelho, que contagiava o investimento privado.
    Quanto à transparência, falta esclarecer os munícipes, de forma objectiva, sobre os valores, exactos, da dívida e da operação de resgate, ao abrigo do PAEL, período de carência, prazos de maturidade, e respectiva taxa de juro.
    Aliás, devia ser prática corrente, a Autarquia prestar informação semestral, actualizada, sobre o valor do orçamento, grau da sua execução, endividamento à banca, fornecedores e outros compromissos à vista e de curto, médio e longo, prazos, em nota de imprensa aos órgãos de comunicação social, locais, ou através de prospecto, conjuntamente, com a factura da água.
    Informar é, também, uma forma de consciencializar.
    Os munícipes têm o direito de conhecer a situação financeira da Autarquia e de saberem qual o destino da receita dos serviços, impostos, licenças, e taxas municipais, que encareceram desmesuradamente e afectam as famílias e as empresas. E não é aceitável que os albufeirenses tenham de ir, todos, às assembleias, ou consultar contas e actas, para se inteirarem destes dados.    
    No que respeita ao ajustamento, a Autarquia tem de virar-se para a dimensão estrutural. Eliminar as disfunções do seu modelo organizacional e optar por métodos eficazes, tanto do ponto de vista operacional como da fiabilidade dos sistemas. Optimizar meios e ser selectiva, na contratualização de outsourcing, mormente, quando a ineficácia e a degradação dos serviços externos se tornam evidentes. Evitar os desperdícios e conter regalias que não encontram paralelo em instituições, congéneres, de democracias mais abastadas.
    No passado dia 25 de Maio realizou-se, em Portugal, o acto eleitoral para o Parlamento Europeu e não quero perder a oportunidade de dizer que, na minha perspectiva, o resultado foi menos mau, atendendo às circunstâncias. Todavia, a abstenção atingiu nível histórico que merece reflexão séria, sobretudo, dos responsáveis políticos.
     


Henrique Coelho

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