sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Futebol no contexto da economia do Algarve

Notícias de Albufeira, 01/Ago/2010

    Futebol no Contexto da Economia do Algarve

     Em Julho de 2003 enviei documento, sobre este assunto a Clubes, SAD`s, Câmaras Municipais, e a outras entidades da região.
    Entretanto surgiu o Algarve United, em 2004, cuja marca pareceu-me forte, mas não vingou. Conforme noticiado, o projecto encerrou portas em 2006. Para mim, o insucesso ficou a dever-se ao facto da iniciativa não ter tido ambição regional.
    Mantenho-me fiel à matriz do que apresentei em 2003. Contudo, o tempo sugeriu-me pequenas alterações, no aspecto organizacional.
    Estando a economia do Algarve dependente do turismo e sendo o futebol uma actividade desportiva, com grande capacidade de atrair público, é fácil concluir que, uma cumplicidade alicerçada nestas realidades, seria benéfica para a região. Existem infra-estruturas desportivas e há que tirar partido dessa mais-valia.
    Admito estar a ser, exageradamente, idealista. Ainda assim, um projecto desta natureza, com dimensão regional, merecia ser equacionado. E, estou convencido que a iniciativa teria facilidade de criar dinâmica mobilizadora, conquistar as forças vivas e a população algarvia.
    Este ano, o Olhanense conseguiu aguentar-se e o Portimonense, também, ascendeu à superliga. Na época 2010/2011, o Algarve terá dois clubes no escalão mais alto da modalidade e vai haver competição, na região. Mas, como clubes isolados, com as dificuldades inerentes à dimensão, duvido que consigam manter-se, nesta categoria, por muito tempo.
    Ninguém estará interessado em semear dinheiro nos clubes, cujos upgrades minam as capacidades económico-financeiras. A maioria devia direccionar a aposta para o desporto amador/escolar, com orçamentos à sua medida.
    Por outro lado, o clubismo já não é condição para os adeptos adorarem a modalidade da sua predilecção e apoiarem, entusiasticamente, a equipa com a qual são cúmplices.
    Para o Algarve ter futebol profissional, com capacidade de perdurar, bastava fundar Sociedade Anónima Desportiva, eleger marca emblemática, e designar seus agentes todos os clubes da região que se tornassem accionistas. E, não seria de desprezar a hipótese da marca “Algarve United”, ainda, ser rebuscada.
    Há, pelo menos, dois cenários possíveis:
    Primeiro: Projecto de longo prazo, com inicio de actividade desportiva a partir do escalão menor da modalidade.
    Segundo: Negociação com o clube algarvio, cuja equipa estivesse melhor colocada no ranking classificativo, para a iniciativa atingir mais rapidamente o patamar desejável e haver retorno no curto/médio prazo.
    A SAD, na fase inicial da sua actividade, estabelecia acordos com os Agentes (clubes accionistas), na base de contrapartidas financeiras, para usar as suas infra-estruturas, nos treinos, competição, e escola de jogadores. Quando a equipa subisse à divisão de honra, seria negociado contrato de aluguer do Estádio Algarve, para a infra-estrutura ser usada nos jogos em casa e nalguns treinos.
    No aspecto comercial, era possível a SAD desenvolver merchandising, em parceria com os Agentes e com a rede de hotéis, mormente, quando a equipa passasse a usar o relvado do Estádio Algarve. E, a mesma dinâmica servia para incentivar os visitantes do Algarve a assistirem aos jogos.     

    A sede social da SAD devia ser localizada no ponto do Algarve que reunisse condições, para o efeito, e a comunicação com os Agentes, mais representativos, seria efectuada por teleconferência, sempre que se justificasse.
    Atendendo ao interesse deste projecto, estou convencido que as câmaras municipais e as empresas da região estariam disponíveis para subscrever capital social e negociar patrocínios com a SAD. E, tratando-se de sociedade de capital aberto, os algarvios não deixariam de participar, na qualidade de investidores, e de se vincularem a esta realidade desportiva.
    A SAD enquadrava-se num esquema empresarial, cujos investimentos em áreas diferenciadas geravam reciprocidade de interesses económicos e desportivos. Seria um bom álibi para o Algarve ver crescer Grupo Económico de dimensão regional.
    Os clubes têm responsabilidades sociais e deviam agir de acordo com o interesse nacional. Entretanto, os três grandes foram para França, Suíça e Alemanha, realizar jogos de pré-época. Ficava-lhes bem ter montado arraial em Portugal, nomeadamente, no Algarve, onde há duas equipas na superliga, com as quais podiam disputar jogos e, desta forma, ajudavam a economia nacional. Não sei de quem é a culpa nesta matéria. Mas, esta falta de patriotismo devia inibir estes clubes de quaisquer apoios públicos.
    A região não pretende atrair pauliteiros diabólicos e dar guarita a batalhas campais. Pelo contrário, quer que os seus eventos atraiam gente civilizada, em ambiente de festa. O que aconteceu este ano, na final da Taça da Liga, foi violência organizada, que espalhou pânico e deixou rasto de destruição.

Henrique Coelho

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