quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Portugal Está na Moda

30/11/2016

De acordo com as condições naturais do país, e a avaliar pelos indicadores, o bom desempenho do sector do turismo tem-se vindo a consolidar e esta realidade não pode ser tratada como mera questão conjuntural.

Portugal está definitivamente na moda. Os visitantes mostram-se satisfeitos com a oferta cultural, histórica e gastronómica, para referir apenas algumas valias. E, no aspecto climático, cuja apetência transforma as praias em molduras humanas, bem recheadas, a pujança é mais que evidente.

A acrescentar às condições enunciadas, é preciso considerar a segurança que tem de continuar a ser preservada. Não nos podemos esquecer que este aumento do turismo se deve, também, à insegurança de outros destinos concorrentes.

Apesar da boa performance, há lacunas que mereciam uma atenção especial das autoridades oficiais do sector. Destaco o conceito “all inclusive”, tal como está formatado, que devia ser consignado, apenas, a unidades isoladas ou afastadas dos centros urbanos. 

O Algarve, cuja valência principal é a sua costa virada a sul, com potencialidades magníficas, para o turismo de praia, e condições excepcionais, nomeadamente, para a prática do golfe, afirma-se cada vez mais como destino de referência nacional e internacional, com uma oferta diversificada de serviços de qualidade, inequívoca, que já evidencia algum esbatimento da sazonalidade.

Ainda, em relação ao Algarve, é justo referir que para além da competitividade ser potenciada, também, por voos “LowCost” e pelo esforço dos empresários que ratearam margens para apresentar tarifários promocionais, o incremento dos fluxos, mormente de Espanha, deve-se ao trabalho que foi iniciado, pelo Senhor Presidente do Turismo do Algarve, ainda, quando era Presidente da Câmara Municipal de Albufeira.


De facto, os périplos protagonizados por Desidério Silva, desde sempre dignos do meu apoio explícito e documentado, têm produzido prémios e mais-valias para Albufeira e para a Região.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O Caneiro da Baixa

21/11/2016

Tenho ouvido vários relatos acerca do caneiro que é responsável pelas inundações da Baixa de Albufeira. Uns dizem que foi obstruído, com as obras da Polis, outros criticam o uso de condutas ou manilhas. Arrisco-me a pensar que nem uns nem outros têm razão.

Apesar de achar que o Programa Polis descaracterizou a cidade, nalguns aspectos, não acredito que tenha deixado os canos entupidos. Depois da cheia é que a lama das limpezas, em período de tempo seco, terá se solidificado. Por outro lado, as manilhas redondas concentram o fluxo que arrasta detritos.

Por mais voltas que se dê não se pode ignorar que o problema está na cota, cuja correnteza de escoamento vai ficando cada vez mais limitada, devido à subida do nível do mar. Aliás, o assoreamento inerente já obrigou a retirar toneladas de areia do ramal do Pontão tal como foi dito, há dias, publicamente.

O problema da baixa deve ser encarado, com realismo, tendo em conta a obstinação do mar. As bombas podem aliviar algumas inundações, numa primeira fase, mas duvido que produzam efeito no futuro.


Do meu ponto de vista, o plano de drenagem que inclui um túnel novo, não é sustentável por estar desajustado das causas e dos objectivos. O tempo acabará por deslindar as teimas nesta matéria.  

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Albufeira Carece de Ser Interpretada

17/11/2016

Na sequência do evento trágico do ano passado, está a ser elaborado um plano de drenagem, que envolve esforço financeiro elevado, e é estranho que os albufeirenses não se mostrem interessados em debater o assunto.

Neste contexto, Albufeira tem dois problemas distintos que podem se inter-relacionar em situações de catástrofe.

Numa lógica de prioridades diria que o primeiro problema é as inundações da baixa. Nas condições actuais, duas horas de chuva intensa no perímetro da cidade é quanto basta, para o caos se instalar, e a tendência é para piorar uma vez que o nível do mar não pára de subir. É uma questão de tempo, mas a água salgada acabará por entrar e duvido que a drenagem da baixa possa ser regulada com bombas elevatórias.      

O segundo problema é as imprevisíveis cheias da Ribeira. Já em 1948, 1949 e 1956, terá ficado comprovado que o túnel existente não se mostrava eficaz em situações extremas. Todavia, a insuficiência seria superada com a barreira do eixo viário, se a obra fosse executada para reter fluxos anormais. E, ainda, com a limpeza da ribeira, retenções monitorizadas a montante, e desvios colaterais para haver infiltração no solo do bem precioso que tantas vezes escasseia. Julgo que a cheia de 01 de Novembro de 2015 não teria acontecido, se este quadro tivesse sido cumprido e, nesta base, discordo da opção de um túnel novo.

Quase sempre, culpa-se o poder político pelos desastres. Mas, normalmente, as causas provêm de más avaliações técnicas.

Como cidadão atento, com Albufeira no Coração, não tenho dúvidas que o Executivo Camarário está interessado em resolver os problemas. Ainda assim, receio que o enfoque se centre no desafogo financeiro e que a baixa da cidade não esteja a ser tratada, com o pragmatismo que devia, para evitar as surpresas do mar, no futuro.    

Albufeira carece de ser interpretada. Foram executadas obras desconexas que precisam de reabilitação, para a cidade melhorar as infra-estruturas e tirar partido, nomeadamente, das excelentes potencialidades para o turismo.


É de realçar o conjunto de obras de manutenção e arranjos que estão em curso. Contudo, atendendo ao bom momento financeiro, e à possibilidade de candidatar projectos aos Fundos Estruturais, renovo a minha sugestão à Autarquia, para escutar os conselhos e fazer o seu trabalho de casa. A sua demora em comprovar a existência de um plano estratégico, coordenado e equilibrado, para o investimento público que é absolutamente necessário, compromete a projecção de Albufeira, como marca turística incontestável, e limita o desenvolvimento do concelho que precisa de diversificar a base da sua economia.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Dívida Pública

11/11/2016

Os líderes da esquerda radical evocam o esforço dos juros da dívida, mas é preciso acrescentar que a economia não cresce e que o encolhimento do défice é conseguido à custa de carga fiscal e empobrecimento.

Apesar da controvérsia das sanções, Portugal saiu do procedimento de défice excessivo em 2015. É justo referir que em 2011 o défice estava nos 12% do PIB e em 2015 fixou-se nos 2,98%, com o investimento e a economia a crescerem.

A esquerda censura os juros, mas o que a geringonça sabe fazer é contrair mais dívida. Em 9 meses, aumentou mais do dobro que durante 2015.   

Não é por acaso que as Agências de Rating, à excepção da DBRS, mantêm a notação de lixo. E, em função do risco inerente às políticas implementadas por este governo, cujos objectivos têm sido, normalmente, desacreditados e revistos em baixa, as altas taxas de juro são ultrapassadas, apenas, pela Grécia.

Depois falam de renegociação. Mas o governo anterior fez roll-overs de dívida e renegociou maturidades e taxas de juro. E, ainda, antecipou pagamentos ao FMI, enquanto a geringonça satisfaz a clientela e difere responsabilidades.

Considerando o nível do endividamento e a necessidade de continuar a ir aos mercados não é oportuno reclamar. O governo e os seus parceiros entraram na dança das facilidades, quando deviam ter aproveitado a herança, usando os recursos com mais racionalidade.   


Oxalá o BCE não suba as taxas de juro ou, no limite, não feche a porta aos títulos da dívida que Portugal vai ter de continuar a emitir.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O insólito Aconteceu nos Estados Unidos.

09/11/2016

Hoje, enquanto Hillary é consolada por Bill e prepara o discurso prometido, Donald faz a festa da vitória.

TRUMP, Presidente, é a demonstração do descrédito da classe política. A Europa também sente o mesmo problema e o Brexit, do Reino Unido, é disso um bom exemplo.

A globalização e os acordos do comércio internacional alteraram as regras e criaram mais complicações do que benefícios. Deslocalizações, desemprego em massa, e desconforto social. Apenas os países asiáticos e o leste europeu, com populações mal remuneradas, beneficiaram.


A China dá cartas na indústria, no comércio e exporta para todo o lado. Faz aquisições das dívidas de outros países e, se não se desenhar uma nova ordem, controla o mundo dentro de poucos anos.    

sábado, 5 de novembro de 2016

Plano de Drenagem de Albufeira

05/11/2016


Há quase cem anos atrás, numa luta contra o mar, foi obstruída a Foz da Ribeira de Albufeira e os fluxos passaram a ser encaminhados pelo túnel existente, perfurado nessa altura, também, para aliviar o desemprego que se verificava.

A batalha braçal foi ganha e o mar acobardou-se sem reclamar direitos. Contudo, sempre que o caudal da ribeira ultrapassou a capacidade do túnel, houve cheias na baixa da cidade.

Entretanto, as condições mudaram. O aquecimento global traduz a subida do nível do mar e o clima parece ser menos influenciado pelo anti-ciclone dos Açores. A frequência de massas de ar com maior densidade atmosférica torna-se propícia a situações de precipitação, localizadas, com grande intensidade.

Naturalmente consciente da realidade do clima e dos problemas que advêm da cota muito crítica da baixa, a Autarquia mandou elaborar um plano geral de drenagem.

Não é fácil de digerir a informação técnica que já foi transmitida, e, apesar do plano ainda estar numa fase de estudos, percebe-se que a opção é um túnel novo com 5 metros de diâmetro da Ribeira para o Mar.

Acredito que a infra-estrutura resolva o problema das imprevisíveis enxurradas da Ribeira, ainda assim, não deixa de ser legítimo questionar a eficácia do referido plano que implica num grande esforço financeiro.

Se considerarmos a lógica da cidade se ligar ao Porto de Abrigo/Marina, por frente de mar, percebe-se que era vantajoso orientar a descarga do túnel para o Pau da Bandeira, a nascente do Pontão. As distâncias são semelhantes. 

Independentemente das contingências da Ribeira, a nova realidade climática e a subida do nível do mar deixam antever o risco acrescido da baixa ficar de molho. O plano contempla sistemas de bombagem, mas em situações de chuvadas prolongadas, como se verificou o ano passado, duvido que seja possível evitar inundações, porventura, desastrosas se houver avarias.  


Sabendo que a água salgada já passou por ali, arrisco-me a pensar que o mar ainda pode vir a redesenhar a foz da ribeira com intenção invasora. Quer isto dizer que, mesmo que o plano de drenagem seja concluído e implementado, os problemas da baixa de Albufeira não ficam resolvidos.