Jornal de
Albufeira, Set.2013
Eleições Autárquicas - 2013.
Neste período
pré-eleitoral, assistiu-se a um espectáculo carnavalesco, bem à portuguesa,
protagonizado por actores políticos que não gostam da renovação, muito menos de
perder o poder.
Por estas e por
outras razões é lógico que haja descontentamento, em relação à classe política
e aos partidos.
Em boa verdade,
os dirigentes dos partidos políticos não fizeram nada para contrariar esta
tendência. Os mais influentes intitulam-se interessados na angariação de militância
e na formação de novos valores. Mas, não fazem mais que defender a obscuridade da
clausura partidária, para dividir posições entre si, e projectarem as suas
carreiras.
Os detentores de
cargos públicos, em Albufeira, numa posição privilegiada de maioria absoluta, deixam
transparecer falhas no discurso e não conseguem sonegar a sua falta de rigor nos
Órgãos da Autarquia. O seu regozijo, pela diminuição de dívida, em conjuntura
de crise, mais parece o dar a mão à palmatória de quem esbanjou recursos, durante
a abundância. Não foram eficazes, nas opções de desenvolvimento, nem criaram incentivos,
para diversificar a base da economia.
Com o concelho estribado
no turismo de praia, a Autarquia já devia ter reivindicado, para si, a
jurisdição da frente de mar. Este baluarte apetecível podia estar a dar uma ajuda
mais consistente, para a economia resistir às dificuldades da conjuntura, se a
imagem de Albufeira não tivesse regredido. A praia principal tinha de oferecer mais
facilidades balneares e não deixar-se rotular de estância, para tratamentos de esfoliação
corporal, com conchas cortantes.
Perante as mudanças
na economia do País há iniciativas, por todo o lado, para valorizar aptidões
naturais e explorar a vertente turística. Nestas circunstâncias, Albufeira não
pode continuar adormecida, sob pena de perder competitividade.
Voltando à actualidade
política da nossa terra, a concelhia do CDS-PP mostrou vontade de crescer, quando
se comprometeu com a Dra. Ana Vidigal. Porém, as coisas não deram certo e a estrutura
cedeu à concorrência. Esta alteração semântica sugere outras apologias e já se vaticina
que a força local do partido esteja a auto debilitar-se. É oportuno referir
que, no plenário da Assembleia Municipal, para aprovar o polémico Regulamento
dos Espaços Públicos, não restaram dúvidas sobre o seu alinhamento com a
bancada da maioria.
Uma grande parte
das dificuldades do País provém da falta de contributo sério dos partidos, cujos
dirigentes revelam-se hábeis a arquitectar conjecturas dúbias, sempre com os
mesmos objectivos. E Albufeira não foge à regra.
Depois de um
passado controverso, que deixa marcas, é preciso que os Órgãos Autárquicos saiam
reforçados, destas eleições, com diversidade de tendências democráticas, para
haver abertura na discussão dos problemas do concelho e ponderação nas deliberações.
Há o risco de
qualquer maioria se transformar em poder totalitário, adverso à imparcialidade,
ou em populismo extravagante, e as taxas, os impostos e a factura da água, pesarem
ainda mais nos orçamentos das famílias e das empresas.
Neste clima
sombrio, a boa novidade é que a Dra. Ana
Vidigal não desistiu. Apresenta-se, agora, totalmente independente da malha
partidária, a disputar o concelho.
O seu vínculo a uma
força política, no passado, já a fez vereadora. Porém, nessa abordagem, à coisa
pública, não terá se compatibilizado, com algum “embuste” alojado, e acabou por
retirar-se, depois de cumprir a sua missão cívica.
Entendo a
dificuldade que terá tido, para dar o seu contributo, num cenário “agreste”, vazio
de estratégia promissora. Ainda hoje, patenteado pela mesma “casta”, cujo desempenho
público não lhe confere legitimidade política, para garantir um futuro melhor,
para o concelho.
Os munícipes estarão
conscientes de que “Albufeira Precisa de
Mais” e acredito que, desta vez, queiram premiar a Dra. Ana Vidigal, pelos seus atributos. Nomeadamente, sensibilidade
social, dedicação à causa pública e capacidade intelectual, para valorizar a
ética política e potenciar o diálogo democrático.
Viva Albufeira!
Henrique Coelho
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