quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Eleições Autarquicas 2013

Jornal de Albufeira, Set.2013

    Eleições Autárquicas - 2013.

    Neste período pré-eleitoral, assistiu-se a um espectáculo carnavalesco, bem à portuguesa, protagonizado por actores políticos que não gostam da renovação, muito menos de perder o poder.
    Por estas e por outras razões é lógico que haja descontentamento, em relação à classe política e aos partidos.
    Em boa verdade, os dirigentes dos partidos políticos não fizeram nada para contrariar esta tendência. Os mais influentes intitulam-se interessados na angariação de militância e na formação de novos valores. Mas, não fazem mais que defender a obscuridade da clausura partidária, para dividir posições entre si, e projectarem as suas carreiras.
    Os detentores de cargos públicos, em Albufeira, numa posição privilegiada de maioria absoluta, deixam transparecer falhas no discurso e não conseguem sonegar a sua falta de rigor nos Órgãos da Autarquia. O seu regozijo, pela diminuição de dívida, em conjuntura de crise, mais parece o dar a mão à palmatória de quem esbanjou recursos, durante a abundância. Não foram eficazes, nas opções de desenvolvimento, nem criaram incentivos, para diversificar a base da economia.
    Com o concelho estribado no turismo de praia, a Autarquia já devia ter reivindicado, para si, a jurisdição da frente de mar. Este baluarte apetecível podia estar a dar uma ajuda mais consistente, para a economia resistir às dificuldades da conjuntura, se a imagem de Albufeira não tivesse regredido. A praia principal tinha de oferecer mais facilidades balneares e não deixar-se rotular de estância, para tratamentos de esfoliação corporal, com conchas cortantes.
    Perante as mudanças na economia do País há iniciativas, por todo o lado, para valorizar aptidões naturais e explorar a vertente turística. Nestas circunstâncias, Albufeira não pode continuar adormecida, sob pena de perder competitividade.
    Voltando à actualidade política da nossa terra, a concelhia do CDS-PP mostrou vontade de crescer, quando se comprometeu com a Dra. Ana Vidigal. Porém, as coisas não deram certo e a estrutura cedeu à concorrência. Esta alteração semântica sugere outras apologias e já se vaticina que a força local do partido esteja a auto debilitar-se. É oportuno referir que, no plenário da Assembleia Municipal, para aprovar o polémico Regulamento dos Espaços Públicos, não restaram dúvidas sobre o seu alinhamento com a bancada da maioria.
    Uma grande parte das dificuldades do País provém da falta de contributo sério dos partidos, cujos dirigentes revelam-se hábeis a arquitectar conjecturas dúbias, sempre com os mesmos objectivos. E Albufeira não foge à regra.
    Depois de um passado controverso, que deixa marcas, é preciso que os Órgãos Autárquicos saiam reforçados, destas eleições, com diversidade de tendências democráticas, para haver abertura na discussão dos problemas do concelho e ponderação nas deliberações.
    Há o risco de qualquer maioria se transformar em poder totalitário, adverso à imparcialidade, ou em populismo extravagante, e as taxas, os impostos e a factura da água, pesarem ainda mais nos orçamentos das famílias e das empresas.

    Neste clima sombrio, a boa novidade é que a Dra. Ana Vidigal não desistiu. Apresenta-se, agora, totalmente independente da malha partidária, a disputar o concelho.
    O seu vínculo a uma força política, no passado, já a fez vereadora. Porém, nessa abordagem, à coisa pública, não terá se compatibilizado, com algum “embuste” alojado, e acabou por retirar-se, depois de cumprir a sua missão cívica.
    Entendo a dificuldade que terá tido, para dar o seu contributo, num cenário “agreste”, vazio de estratégia promissora. Ainda hoje, patenteado pela mesma “casta”, cujo desempenho público não lhe confere legitimidade política, para garantir um futuro melhor, para o concelho.
    Os munícipes estarão conscientes de que “Albufeira Precisa de Mais” e acredito que, desta vez, queiram premiar a Dra. Ana Vidigal, pelos seus atributos. Nomeadamente, sensibilidade social, dedicação à causa pública e capacidade intelectual, para valorizar a ética política e potenciar o diálogo democrático.

Viva Albufeira!

Henrique Coelho

Sem comentários:

Enviar um comentário