quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Até quando vai durar o pesadelo?

Jornal de Albufeira, 15 Jan 2013

    Até Quando Vai Durar o Pesadelo.

    Já se prevê que este ano seja a confirmação do grande desastre que aconteceu em Portugal.
    Durante vários anos, o País foi governado, regra geral, por “falsos patriotas” e saqueado por oportunistas, sem escrúpulos, que se aproveitaram do delírio de uma abundância artificial. Estes senhores andam por aí, impunemente, sem prestar contas, enquanto o País está no fundo e o povo, “entroikado”, é chamado a assumir o prejuízo.
    Como consequência temos mais um orçamento muito duro. Aparentemente, com inconstitucionalidades e a possibilidade de não ser exequível. E, ainda, há o medo do esforço não ser suficiente e de estar-se a entrar num ciclo vicioso sem fim à vista.
    Os mentores deste orçamento também fizeram promessas, simpáticas, e juramentos, para, logo a seguir, governarem contra o povo que os elegeu.
    O Mundo entrou no processo da globalização, para favorecer o capitalismo, e as economias mais débeis vêem as suas soberanias comprometidas. Eufóricos com os fluxos de fundos estruturais e de coesão, os nossos governantes não implementaram as medidas adequadas, no plano interno, nem defenderam o País nas instâncias comunitárias. A sua resignação contribuiu para o índice da pobreza que, hoje, se agudiza.
    Tive a esperança do actual Primeiro-Ministro estar preparado para se engajar numa diplomacia política mais agressiva, junto das instituições da União, e ser capaz de renegociar condições melhores, para o problema da dívida. Aliás, nesta matéria, contava que o Senhor Presidente da República, também, desse o seu contributo. Mas, cedo percebi que não havia vocação.
    A dívida de Portugal não é caso único e estou convencido que, tanto os credores como os dirigentes europeus, entenderiam a contundência de quem quer assumir o compromisso de forma responsável.
    Perante uma postura frouxa todos elogiam o esforço dos portugueses, incluindo a Senhora Merkel. Porém, em Alemanha, há a preocupação de não subir os impostos para estimular o mercado interno.
    Nesta União, o que não falta é hipocrisia.
    Em Portugal, verifica-se um ataque serrado a tudo o que mexe. E, tal como disse noutra altura, - “sem economia não há finanças”. O Ministro Gaspar, em obediência às ordens da Troika, tem ofuscado o seu colega da Economia, para garantir desemprego e mais protagonismo ao Ministro da Lambreta.
    O Orçamento de Estado, para este ano, passou no Parlamento e foi promulgado pelo Senhor Presidente da República, mas a batata quente foi, imediatamente, endossada ao Tribunal Constitucional. Neste jogo do encosto, os alentejanos fazem melhor, - a cantar.
    Até quando vai durar o pesadelo? Não é possível, a mesma receita, para 2014!
    A esperança dos portugueses está, agora, no Tribunal Constitucional e na hipótese do Senhor Presidente da República sair da sua zona de conforto, semi-presidencialista, que faz pouca diferença da Monarquia.

    Não sou fã do modelo de organização política vigente. Os Órgãos de Soberania escudam-se na separação dos poderes e ninguém assume responsabilidades. Por outro lado, os portugueses denotam dificuldade em acreditar nas promessas eleitorais e é preciso tomar medidas à margem do “polvo” cujos tentáculos, mais fortes, já sugaram quase tudo.
    Enfatiza-se que não pode haver uma crise política. Mas a crise política está aí, a agravar a crise económica.
    O Governo estará a fazer o seu trabalho e, sobre isso, devia comunicar mais. Os que sofrem com a crise têm queixas e não entendem o facto de não haver mais cortes nas gorduras do Estado. Os devedores da Parvalorem e os gestores de empresas públicas, tecnicamente falidas, que receberam prémios imorais, anos a fio, ainda, não foram incomodados. Mas sobrecarrega-se a economia e as famílias que já não aguentam mais austeridade.
    Oxalá o deputado do CDS da Madeira que votou contra o orçamento não venha a libertar mosquitos da dengue, na “Retórica da Sonolência”, em dia de debate com o Governo.



Henrique Coelho

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