Jornal de
Albufeira, 15 Jan 2013
Até Quando Vai Durar o Pesadelo.
Já se prevê que este
ano seja a confirmação do grande desastre que aconteceu em Portugal.
Durante vários
anos, o País foi governado, regra geral, por “falsos patriotas” e saqueado por oportunistas,
sem escrúpulos, que se aproveitaram do delírio de uma abundância artificial. Estes
senhores andam por aí, impunemente, sem prestar contas, enquanto o País está no
fundo e o povo, “entroikado”, é chamado
a assumir o prejuízo.
Como
consequência temos mais um orçamento muito duro. Aparentemente, com
inconstitucionalidades e a possibilidade de não ser exequível. E, ainda, há o
medo do esforço não ser suficiente e de estar-se a entrar num ciclo vicioso sem
fim à vista.
Os mentores
deste orçamento também fizeram promessas, simpáticas, e juramentos, para, logo
a seguir, governarem contra o povo que os elegeu.
O Mundo entrou no
processo da globalização, para favorecer o capitalismo, e as economias mais
débeis vêem as suas soberanias comprometidas. Eufóricos com os fluxos de fundos
estruturais e de coesão, os nossos governantes não implementaram as medidas
adequadas, no plano interno, nem defenderam o País nas instâncias comunitárias.
A sua resignação contribuiu para o índice da pobreza que, hoje, se agudiza.
Tive a esperança
do actual Primeiro-Ministro estar preparado para se engajar numa diplomacia
política mais agressiva, junto das instituições da União, e ser capaz de renegociar
condições melhores, para o problema da dívida. Aliás, nesta matéria, contava
que o Senhor Presidente da República, também, desse o seu contributo. Mas, cedo
percebi que não havia vocação.
A dívida de
Portugal não é caso único e estou convencido que, tanto os credores como os dirigentes
europeus, entenderiam a contundência de quem quer assumir o compromisso de
forma responsável.
Perante uma
postura frouxa todos elogiam o esforço dos portugueses, incluindo a Senhora
Merkel. Porém, em Alemanha, há a preocupação de não subir os impostos para estimular
o mercado interno.
Nesta União, o
que não falta é hipocrisia.
Em Portugal, verifica-se
um ataque serrado a tudo o que mexe. E, tal como disse noutra altura, - “sem economia não há finanças”. O
Ministro Gaspar, em obediência às ordens da Troika, tem ofuscado o seu colega
da Economia, para garantir desemprego e mais protagonismo ao Ministro da Lambreta.
O Orçamento de Estado,
para este ano, passou no Parlamento e foi promulgado pelo Senhor Presidente da
República, mas a batata quente foi, imediatamente, endossada ao Tribunal
Constitucional. Neste jogo do encosto, os alentejanos fazem melhor, - a cantar.
Até quando vai
durar o pesadelo? Não é possível, a mesma receita, para 2014!
A esperança dos
portugueses está, agora, no Tribunal Constitucional e na hipótese do Senhor
Presidente da República sair da sua zona de conforto, semi-presidencialista,
que faz pouca diferença da Monarquia.
Não sou fã do
modelo de organização política vigente. Os Órgãos de Soberania escudam-se na
separação dos poderes e ninguém assume responsabilidades. Por outro lado, os
portugueses denotam dificuldade em acreditar nas promessas eleitorais e é
preciso tomar medidas à margem do “polvo”
cujos tentáculos, mais fortes, já sugaram quase tudo.
Enfatiza-se que
não pode haver uma crise política. Mas a crise política está aí, a agravar a crise
económica.
O Governo estará
a fazer o seu trabalho e, sobre isso, devia comunicar mais. Os que sofrem com a
crise têm queixas e não entendem o facto de não haver mais cortes nas gorduras
do Estado. Os devedores da Parvalorem
e os gestores de empresas públicas, tecnicamente falidas, que receberam prémios
imorais, anos a fio, ainda, não foram incomodados. Mas sobrecarrega-se a
economia e as famílias que já não aguentam mais austeridade.
Oxalá o deputado
do CDS da Madeira que votou contra o orçamento não venha a libertar mosquitos da
dengue, na “Retórica da Sonolência”, em dia de debate com o Governo.
Henrique Coelho
Sem comentários:
Enviar um comentário