quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Porto de abrigo

Notícias de Albufeira, 15/Fev./2009

    Porto de Abrigo

    O anteporto também é de interesse público, por dar abrigo às embarcações de pesca. Esta simultaneidade de interesses terá aliviado o esforço do investidor da Marina. Porém, para o sucesso do seu complexo imobiliário, a infra-estrutura tinha de ligar-se à cidade, por passeio marítimo.
    Actualmente, ir à praia, a partir da Marina, implica embarcar num qualquer meio de transporte e percorrer quilómetros. Noutras condições, bastava deslocação, a pé, por percurso agradável, com vantagem inequívoca para o empreendimento.
    O interesse da cidade, também, não foi acautelado. Todos se convenceram, que a Marina era uma mais-valia, e esqueceram-se de pormenores importantes.
    Não perceberam que o molhe do Farol devia avançar mais 60 ou 70 metros, para o quadrante sul, de modo a permitir a atracagem de navios cruzeiro, de pequeno porte, que podiam escalar Albufeira.
    A boca exterior do anteporto, em águas mais profundas, contrariava o seu assoreamento. Provavelmente, possibilitava a formação de praia, a poente do Farol, e não impedia que a Praia do Peneco fosse, suficientemente, banhada pelo mar.
    De facto, esta questão estruturante, para Albufeira, merecia ter sido abordada com outro rigor. Era compreensível que a Autarquia se envolvesse e se disponibilizasse a negociar parceria, para viabilizar a obra pública, que interessava à cidade.
    A extensão rochosa, entre a marina e o passeio marginal, comportava a infra-estrutura de apoio à actividade de pesca, cuja obra ainda decorre, mas, também, criava condições, para outras actividades náuticas, se o molhe nascente tivesse sido colocado a partir da ponte de fora.
    Devido à predominância do vento de sudoeste, os barcos de recreio passariam a ancorar frente à Praia do Peneco, à semelhança do que acontecia no abrigo da Baleeira, e a proporcionarem panorama agradável, para os banhistas e vice-versa.
    Sem dúvida, Albufeira podia ter aproveitado melhor as potencialidades do mar. Criava colosso de produto turístico, cobiçável, durante todo o ano, e garantia novas oportunidades, para o desenvolvimento da sua economia.
    A dependência do turismo e a especificidade económica do concelho exigem pragmatismo e visão dos responsáveis autárquicos, para perceberem que tipo de desenvolvimento público é necessário.
    Neste sentido, o Executivo Camarário devia procurar entendimento, com as entidades marítimas e portuárias, de modo a encontrar condições, para ser constituída empresa municipal, ou de capital aberto, participada maioritariamente pela Autarquia, para gerir, moralizar, e dinamizar a frente de mar, fora do domínio privado da Marina.
    Não se trata de concorrência. Seria uma forma organizada de complementar e potenciar a capacidade da oferta de produto, de grande valor, para o turismo.
    A mesma empresa podia, ainda, desempenhar função de âmbito alargado, no concelho, e dinamizar outros meios, que também traduzissem diversidade de produto, para a sustentabilidade do turismo e para o sucesso da economia.


Henrique Coelho,


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