Jornal
de Albufeira, 05 Mar 2013
A Candeia ao Fundo do Túnel.
Portugal já colocou
dívida em mercado primário. As operações foram bem sucedidas e terão baralhado
a oposição. Mas não é razão para o Governo entrar em euforia. A taxa de juro,
comparativamente à do outro parceiro, (Irlanda),
é elucidativa.
As Agencias de
Rating não encontrarão razões para alterar, tão cedo, as notações de risco, que
atribuíram a Portugal, e não há nenhuma garantia dos investidores serem benevolentes
nas operações futuras, mormente, em matéria de taxas de juro.
A situação do País
não tem melhorado. Por enquanto, alguma reorganização na estrutura do Estado, não
significa muito mais que transferir custos entre sectores da administração
pública.
A dívida tem crescido
e a economia contínua, numa espiral recessiva, a produzir desemprego. O único
indicador favorável é o equilíbrio da balança comercial, à custa da contracção
da procura interna, ausência de investimento, e exportação de preciosidades,
como o ouro, que muitos portugueses já tiveram de trocar por comida. E, com a
Europa, também a retrair-se, as exportações estão a baixar.
Em vez de um plano
nacional, para desenvolver potencialidades locais e regionais, tem-se assistido
a falta de estímulo, nomeadamente, em relação às pequenas empresas que operam
no mercado interno. Estas estruturas de negócio, muitas delas familiares, são responsáveis
pela maioria do emprego deste país e têm sido vítimas do cerco apertado que já levou
uma grande percentagem à falência.
Com esta política
de submissão a uma troika, bem paga pelo O.G.E. português, para defender
credores e criar entraves à democracia, o Governo nivela por baixo e tem dificuldade,
para tirar o País do buraco. O encaixe de impostos tem vindo a baixar e os
calendários dos anos vindouros estão recheados de compromissos que terão de ser
assumidos.
Nesta
conformidade, para as metas do défice serem atingidas, no futuro, vai ser
necessária mais austeridade, cortes em direitos sociais, e alienação de património
público de referência nacional. Mesmo assim, esta dinâmica de empobrecimento não
será suficiente, para Portugal controlar as dívidas e recuperar a soberania.
Nesta fase difícil,
o País precisa de tecnocratas. Mas esta condição não devia dispensar a
dedicação de políticos, patrióticos, com visão nacional e sensibilidade social.
Se é verdade que já
há uma candeia ao fundo do túnel, não é menos verdade que ainda falta a energia,
para haver luz. O regozijo antecipado do Governo, pelo eventual regresso de
Portugal aos mercados, para trocar e contrair mais dívida, sem resolver a
questão prioritária do crescimento económico, revela incúria e falta de equidade
geracional.
O que já se tornou
claro, ao fundo do túnel, para a maioria dos portugueses, é o ponto negro da pobreza.
Henrique Coelho
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