quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Ausência de diálogo

Jornal Notícias de Albufeira, 10 Abr 2013

    Ausência de Diálogo.

    Apesar da receptividade de alguns inputs externos, os dirigentes da Autarquia escudaram-se na legitimidade dos cargos e, por arrogância ou complexo de timidez, não mostraram abertura, no passado, para auscultar e comunicar com a sociedade civil.
    A excepção merecedora de realço foi a atitude digna do actual Presidente da Câmara, ao ter-se disponibilizado, para se inteirar das necessidades e escutar os anseios dos munícipes do concelho, nas Juntas de Freguesia.
    Aliás, na minha opinião, o Senhor Dr. José Carlos Rolo, apesar de ter sido menosprezado, pela estrutura do seu partido, continua a ser uma referência positiva para a maioria dos munícipes do concelho.
    Actualmente, na condição transitória de “barqueiro navegante, em chefe, sob o comando de almirante, tem sabido manter a nau à tona, com uma guarnição excessiva, para alimentar, e sem combustível, para navegar”.
    As representações políticas também não se interessaram em dar atenção à população. Estamos em ano de eleições autárquicas e políticos da nossa praça, bem identificados, criaram plataforma paralela, talvez, por não sentirem o conforto da sua conotação partidária. Ao mesmo tempo, dizem que os partidos têm de se relacionar com a população, para evitarem a erosão. Isto é demagogia contraditória. Os partidos fecharam as portas, à cidadania e à militância, para os seus dirigentes não correrem o risco de perder a exclusividade dominante.
    A inerente ausência de diálogo e a incapacidade da oposição, responsáveis pelo défice de esclarecimento, a todos os níveis, têm-se repercutido na fraca qualidade das propostas políticas.
    É importante que haja consciência destes boicotes, cujo divórcio tem sido quebrado, apenas, nos períodos de campanha eleitoral. E entenda-se que o défice democrático, que está nas suas géneses, tem prejudicado o debate político e a definição de estratégias de desenvolvimento para o concelho.
    A esmagadora maioria da população tem maturidade, para perceber que “Albufeira Precisa de Mais”. E, certamente, não estará mais disposta a deixar-se granjear, com promessas de encher o olho, e a tolerar medidas irrealistas.
    Albufeira tem condições, para melhorar a sua performance, em vários aspectos, se evoluir na vertente política. Estou convencido que o próximo ciclo não vai ser propriedade de um único partido e, ao contrário do que alguns possam pensar, este desfecho é benéfico. Promove, naturalmente, o diálogo democrático.
    Qualquer presidente da câmara que pretenda desenvolver trabalho sério, em prol do concelho, ganha legitimidade de liderança, se souber escutar os anseios da população e encorajar os membros do seu executivo a exercerem contraditório, numa base responsável. A mesma receita serve para o órgão deliberativo.



Henrique Coelho

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