quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Obras do POLIS Albufeira

Jornal Notícias de Albufeira, 08/ Fev./2006,
  
    Obras do Programa Polis – Albufeira

    Estou certo que as obras em curso do Programa Polis, na sua maioria, vão dar à cidade uma imagem mais agradável. Pecam pelo atraso e tenho dúvidas que o plano inicial seja totalmente executado.

    Isto não me inibe de exprimir a minha indignação pela obra que está sendo realizada na frente de mar junto à Estrada da Orada. Espaço que desde há muito esperava ver requalificado.

    A diversidade de opiniões resulta sempre nas críticas de uns e nos elogios de outros. Por uma questão de princípio respeito as opções artísticas dos projectistas quando elas, minimamente, se enquadram no meio em que estão inseridas.

    Neste caso, houve uma falha técnica elementar, por não ter sido avaliado correctamente o que está em causa.

    O mar é sem dúvida a atracção e o projectista não devia competir com esta realidade. Apenas teria de criar as condições para as pessoas usufruírem do contacto visual com esta dádiva da natureza, em segurança, usando todo o espaço disponível, até aos limites da arriba, cujos alinhamentos seriam corrigidos. Os espaços, devidamente pavimentados, seriam interligados por escadas e rampas, em função dos desnivelamentos, e deveriam ter elementos simples de ornamentação e bem-estar. Devia ter sido considerada a necessidade de, pelo menos, meia dúzia de lugares de estacionamento de automóveis.

    A obra, mais suavizada, seria menos dispendiosa financeiramente e ficava melhor enquadrada na relação dos valores que deviam ter sido equacionados.

    Pelo contrário, o que se verifica são autênticos monstros de betão, que se assemelham a dispositivo militar, provavelmente, a partir da inspiração do técnico nas fortificações que serviram para a defesa do território, com todo o mérito, mas que hoje fazem parte da história que deve ser preservada.

    Com esta opção o projectista cria dificuldades para os futuros historiadores, e pretende que este arsenal constitua a atracção principal do local, escondendo e negando ao mar o seu valor, quando este devia ser o elemento a privilegiar.

    É caso para perguntar quem é o agressor, nesta guerra?


Henrique Coelho



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