Jornal Notícias
de Albufeira, 08/ Fev./2006,
Obras do Programa Polis – Albufeira
Estou certo que as obras em curso do
Programa Polis, na sua maioria, vão dar à cidade uma imagem mais agradável.
Pecam pelo atraso e tenho dúvidas que o plano inicial seja totalmente
executado.
Isto não me inibe de exprimir a minha
indignação pela obra que está sendo realizada na frente de mar junto à Estrada
da Orada. Espaço que desde há muito esperava ver requalificado.
A diversidade de opiniões resulta sempre
nas críticas de uns e nos elogios de outros. Por uma questão de princípio
respeito as opções artísticas dos projectistas quando elas, minimamente, se
enquadram no meio em que estão inseridas.
Neste caso, houve uma falha técnica
elementar, por não ter sido avaliado correctamente o que está em causa.
O mar é sem dúvida a atracção e o
projectista não devia competir com esta realidade. Apenas teria de criar as
condições para as pessoas usufruírem do contacto visual com esta dádiva da
natureza, em segurança, usando todo o espaço disponível, até aos limites da
arriba, cujos alinhamentos seriam corrigidos. Os espaços, devidamente
pavimentados, seriam interligados por escadas e rampas, em função dos
desnivelamentos, e deveriam ter elementos simples de ornamentação e bem-estar. Devia
ter sido considerada a necessidade de, pelo menos, meia dúzia de lugares de
estacionamento de automóveis.
A obra, mais suavizada, seria menos
dispendiosa financeiramente e ficava melhor enquadrada na relação dos valores
que deviam ter sido equacionados.
Pelo contrário, o que se verifica são
autênticos monstros de betão, que se assemelham a dispositivo militar,
provavelmente, a partir da inspiração do técnico nas fortificações que serviram
para a defesa do território, com todo o mérito, mas que hoje fazem parte da
história que deve ser preservada.
Com esta opção o projectista cria
dificuldades para os futuros historiadores, e pretende que este arsenal
constitua a atracção principal do local, escondendo e negando ao mar o seu
valor, quando este devia ser o elemento a privilegiar.
É caso para perguntar quem é o agressor,
nesta guerra?
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