Jornal Noticias de
Albufeira, Setembro de 2014
Os munícipes têm razões
para estarem preocupados.
Há um ano, atrás,
as eleições autárquicas só não gizaram uma mudança radical, na orientação política
do concelho, porque a migração de votos não se concretizou como alguns profetizavam.
A abstenção foi elevada.
Contudo, uma parcela significativa de eleitores do pendor social-democrata não
desistiu e colocou o veredicto, em campo neutro, para manifestar o seu desagrado,
em relação à prática partidária, e repudiar o mau desempenho na Autarquia.
Concluído o escrutínio,
os líderes das organizações contempladas com votos laranja revelaram falta de
tino político. Fizeram tábua rasa das dinâmicas dos eleitores e rejeitaram os apelos
para reconciliar sensibilidades e unir a família social-democrata do concelho.
A primeira contrariedade,
deste divórcio político, foi a demora no arranjo, pós-eleitoral, para a
governabilidade dos órgãos autárquicos. E, mais recentemente, o PSD que arriou
três posições, na escala, por descuido dos dirigentes, cedeu espaço ao
adversário como se estivesse a ultimar acordo extra-conjugal.
A atribuição de pelouro,
a vereador da segunda força, nas condições em que ocorreu, revela falta de
ética política e desrespeito pelo eleitorado social-democrata. A manter-se a
mesma postura, estranha, é natural que a afeição ideológica se desvaneça, no
concelho.
O processo
democrático constrói-se, com pequenos gestos e grandes atitudes, enquanto a democracia
social alimenta-se de seriedade e de boas vontades. Alguns protagonistas não privilegiaram
estes valores e, uma vez eleitos, para os Órgãos da Autarquia, não foram eficazes
tanto nas deliberações como na gestão e na defesa dos superiores interesses do conselho.
Os resultados são
claros. Em última análise, estão estampados no resgate financeiro do Município e
nos custos, efectivos, para os munícipes. Ainda assim, não há evidência dos
responsáveis terem retirado as devidas ilações.
Aliás, neste
jogo paradoxal, também a actual liderança da Autarquia, apesar de legitimada,
já estava “off-side”, há um ano,
quando deu o pontapé de saída.
Pessoalmente,
não tenho nada contra as individualidades em questão. Todavia, a minha
frontalidade não permite deixar de ser peremptório na denúncia de factos políticos
que prejudicam a terra que me viu nascer.
Esta coisa de servir
o interesse público tem mais do que se lhe diga. Não se coaduna com atitudes
ignóbeis, mascaradas de disfarces canónicos, e a legitimidade que se evoca, por
aí, não pode dissociar-se da ética política e da transparência democrática.
A cólera política
tem de ter regras. Se os valores continuarem a ser traídos, como tem
acontecido, a abstenção e a disseminação de votos serão mais expressivas, nas
próximas disputas eleitorais, e a contribuição para o PSD – Nacional será, ainda,
mais afectada.
Atendendo aos
fracos argumentos dos actuais protagonistas, no plano político e no contexto da
governação autárquica, os munícipes têm razões para estarem preocupados.
A irreverência
que ficou patente, nas autárquicas, teve o mérito de conter a supremacia,
falsa, que era evidente. Mas, “Albufeira Precisa de Mais”.
Apesar dos
apelos, os líderes revelaram-se incapazes de normalizar a representatividade
social-democrata, no concelho, após o acto eleitoral.
A vereadora independente,
eleita com votos laranja, aparentemente, sente-se realizada com o patamar
político que alcançou, enquanto os dirigentes da força vencedora disfarçam com manobras
dilatórias, contrárias ao interesse partidário.
Por sua vez, a
recente troca de cadeiras, na Secção Concelhia, não veio obviar as incúrias.
Deste modo, terão de ser os militantes e os simpatizantes a quebrarem o
enguiço, para imunizar o PSD, em Albufeira, e para o concelho desencalhar.
Mormente os
jovens, que merecem um futuro melhor, já terão interiorizado o dever de se filiarem,
no Partido, para beliscar a apatia, acantonada, e ser hasteada a bandeira que
ganha traças no baú.
Henrique Coelho
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