quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Os munícipes têm razões para estar preocupados

Jornal Noticias de Albufeira, Setembro de 2014

   Os munícipes têm razões para estarem preocupados.

    Há um ano, atrás, as eleições autárquicas só não gizaram uma mudança radical, na orientação política do concelho, porque a migração de votos não se concretizou como alguns profetizavam.
    A abstenção foi elevada. Contudo, uma parcela significativa de eleitores do pendor social-democrata não desistiu e colocou o veredicto, em campo neutro, para manifestar o seu desagrado, em relação à prática partidária, e repudiar o mau desempenho na Autarquia.
    Concluído o escrutínio, os líderes das organizações contempladas com votos laranja revelaram falta de tino político. Fizeram tábua rasa das dinâmicas dos eleitores e rejeitaram os apelos para reconciliar sensibilidades e unir a família social-democrata do concelho.
    A primeira contrariedade, deste divórcio político, foi a demora no arranjo, pós-eleitoral, para a governabilidade dos órgãos autárquicos. E, mais recentemente, o PSD que arriou três posições, na escala, por descuido dos dirigentes, cedeu espaço ao adversário como se estivesse a ultimar acordo extra-conjugal.
    A atribuição de pelouro, a vereador da segunda força, nas condições em que ocorreu, revela falta de ética política e desrespeito pelo eleitorado social-democrata. A manter-se a mesma postura, estranha, é natural que a afeição ideológica se desvaneça, no concelho.
    O processo democrático constrói-se, com pequenos gestos e grandes atitudes, enquanto a democracia social alimenta-se de seriedade e de boas vontades. Alguns protagonistas não privilegiaram estes valores e, uma vez eleitos, para os Órgãos da Autarquia, não foram eficazes tanto nas deliberações como na gestão e na defesa dos superiores interesses do conselho.
    Os resultados são claros. Em última análise, estão estampados no resgate financeiro do Município e nos custos, efectivos, para os munícipes. Ainda assim, não há evidência dos responsáveis terem retirado as devidas ilações.
    Aliás, neste jogo paradoxal, também a actual liderança da Autarquia, apesar de legitimada, já estava “off-side”, há um ano, quando deu o pontapé de saída.
    Pessoalmente, não tenho nada contra as individualidades em questão. Todavia, a minha frontalidade não permite deixar de ser peremptório na denúncia de factos políticos que prejudicam a terra que me viu nascer.
    Esta coisa de servir o interesse público tem mais do que se lhe diga. Não se coaduna com atitudes ignóbeis, mascaradas de disfarces canónicos, e a legitimidade que se evoca, por aí, não pode dissociar-se da ética política e da transparência democrática.
    A cólera política tem de ter regras. Se os valores continuarem a ser traídos, como tem acontecido, a abstenção e a disseminação de votos serão mais expressivas, nas próximas disputas eleitorais, e a contribuição para o PSD – Nacional será, ainda, mais afectada.
    Atendendo aos fracos argumentos dos actuais protagonistas, no plano político e no contexto da governação autárquica, os munícipes têm razões para estarem preocupados.
    A irreverência que ficou patente, nas autárquicas, teve o mérito de conter a supremacia, falsa, que era evidente. Mas, “Albufeira Precisa de Mais”.
    Apesar dos apelos, os líderes revelaram-se incapazes de normalizar a representatividade social-democrata, no concelho, após o acto eleitoral.
    A vereadora independente, eleita com votos laranja, aparentemente, sente-se realizada com o patamar político que alcançou, enquanto os dirigentes da força vencedora disfarçam com manobras dilatórias, contrárias ao interesse partidário.
    Por sua vez, a recente troca de cadeiras, na Secção Concelhia, não veio obviar as incúrias. Deste modo, terão de ser os militantes e os simpatizantes a quebrarem o enguiço, para imunizar o PSD, em Albufeira, e para o concelho desencalhar.
    Mormente os jovens, que merecem um futuro melhor, já terão interiorizado o dever de se filiarem, no Partido, para beliscar a apatia, acantonada, e ser hasteada a bandeira que ganha traças no baú.



Henrique Coelho

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