sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Dimensões

Jornal de Albufeira, 01Jul 2009

    1ª. Dimensão - Prós e Contras, 22/06/09.

    Para mim foi a pior edição. Não por falha da apresentadora, que é uma Senhora, com grande categoria, na TV. Mas, estavam todos com muito medo das profundezas.
    Fica-se com a ideia de estar tudo bem. As empresas cumprem os seus planos de investimento e os negócios vão sobre rodas. O desemprego não sobe, antes pelo contrário. Mas, a realidade dos números e das estatísticas parece ser diferente.
    Ninguém falou mal de nada nem de ninguém. Não foi dito, por exemplo, que já quase não há, no Algarve, figos dos que suportaram o sorvete, 30 metros abaixo do nível do mar. Nem foi dito, de forma contundente, que o programa “Allgarve Editon” e as outras formas de marketing territorial, da autoria dos autarcas, não promovem nada.
    Podem movimentar algumas pessoas, a nível interno. Mas, nenhum estrangeiro marca férias, para o Algarve, influenciado por um qualquer evento musical, do qual nem, sequer, tem conhecimento. Por outro lado, tenhamos consciência que turistas de qualidade afastam-se desta algazarra, nem sempre, dignificadora da cultura.
    No fundo, estes eventos, correspondem a operações, com alguma logística, arquitectadas, para beneficiar intrusos. Albufeira não ganha, absolutamente, nada. Pelo contrário a sua imagem é banalizada e a economia fica prejudicada.
    As questões têm de ser analisadas, em profundidade e com pragmatismo. Neste caso, o que o Destino Algarve e, especificamente, as marcas turísticas locais necessitam é de imparcialidade e boas campanhas de divulgação e promoção turística, de acordo com as suas potencialidades.
    A marca turística Albufeira necessita de acções objectivas, de divulgação e promoção, nos mercados emissores e de investir num sistema interactivo, de informação útil e completa, desenvolvido, de forma inteligente, para atingir o grande público, via internet. De preferência, em parcerias de entendimento, com outros operadores, nomeadamente, LowCost flights.

    2ª. Dimensão - Imposto de Turismo

    A probabilidade de vir a ser criado imposto de turismo, para fazer face à quebra de receita das autarquias, já merece toda a atenção.
    O autarca que proferiu a notícia, pode escudar-se dizendo que é apenas uma ideia, para ser analisada por especialista de marketing. Mas, como ideia já revela egoísmo e irresponsabilidade.
    O impacto mediático, de uma medida desta natureza, seria bastante negativo para o turismo.
    Há transacções que não se realizam e o facto provoca quebras. Mas, as empresas não têm os mesmos recursos e são muitíssimo mais penalizadas. Não beneficiam de desconto nas taxas, nas licenças, nem nos impostos, nomeadamente, IMI.
    A contenção deve ser para todos. Com ou sem crise, acredito não ser fácil encontrar, noutros países mais ricos, o desafogo das autarquias portuguesas.
    Se esta tentativa abusiva ganhar aceitação, certamente, contará com a oposição dos mais cépticos, em relação ao marketing territorial dos autarcas. As medidas, para realizar eventos musicais, assíduos, e shows pirotécnicos, exagerados, devem ser condenadas com veemência.  

    Em vez de ser reclamado maior desafogo financeiro, esta altura de crise devia servir para os autarcas escutarem alguma crítica construtiva, reflectirem, e ser selectivos e mais contidos no uso da disponibilidade pública. Analisar os seus métodos de gestão e afrouxarem na assiduidade das festanças, de contrapartida duvidosa, que complica orçamentos, prejudica a possibilidade de outros investimentos mais correctos, e agrava a situação económica da região e do país.



Henrique Coelho

Sem comentários:

Enviar um comentário