Jornal
de Albufeira, 01Jul 2009
1ª.
Dimensão - Prós e Contras, 22/06/09.
Para mim foi
a pior edição. Não por falha da apresentadora, que é uma Senhora, com grande categoria,
na TV. Mas, estavam todos com muito medo das profundezas.
Fica-se com a
ideia de estar tudo bem. As empresas cumprem os seus planos de investimento e os
negócios vão sobre rodas. O desemprego não sobe, antes pelo contrário. Mas, a
realidade dos números e das estatísticas parece ser diferente.
Ninguém
falou mal de nada nem de ninguém. Não foi dito, por exemplo, que já quase não
há, no Algarve, figos dos que suportaram o sorvete, 30 metros abaixo do nível
do mar. Nem foi dito, de forma contundente, que o programa “Allgarve Editon” e as outras formas de
marketing territorial, da autoria dos autarcas, não promovem nada.
Podem
movimentar algumas pessoas, a nível interno. Mas, nenhum estrangeiro marca
férias, para o Algarve, influenciado por um qualquer evento musical, do qual
nem, sequer, tem conhecimento. Por outro lado, tenhamos consciência que turistas
de qualidade afastam-se desta algazarra, nem sempre, dignificadora da cultura.
No fundo,
estes eventos, correspondem a operações, com alguma logística, arquitectadas,
para beneficiar intrusos. Albufeira não ganha, absolutamente, nada. Pelo
contrário a sua imagem é banalizada e a economia fica prejudicada.
As questões
têm de ser analisadas, em profundidade e com pragmatismo. Neste caso, o que o
Destino Algarve e, especificamente, as marcas turísticas locais necessitam é de
imparcialidade e boas campanhas de divulgação e promoção turística, de acordo
com as suas potencialidades.
A marca
turística Albufeira necessita de acções objectivas, de divulgação e promoção,
nos mercados emissores e de investir num sistema interactivo, de informação
útil e completa, desenvolvido, de forma inteligente, para atingir o grande
público, via internet. De preferência, em parcerias de entendimento, com outros
operadores, nomeadamente, LowCost flights.
2ª. Dimensão - Imposto de Turismo
A probabilidade
de vir a ser criado imposto de turismo, para fazer face à quebra de receita das
autarquias, já merece toda a atenção.
O autarca que
proferiu a notícia, pode escudar-se dizendo que é apenas uma ideia, para ser
analisada por especialista de marketing. Mas, como ideia já revela egoísmo e
irresponsabilidade.
O impacto
mediático, de uma medida desta natureza, seria bastante negativo para o
turismo.
Há
transacções que não se realizam e o facto provoca quebras. Mas, as empresas não
têm os mesmos recursos e são muitíssimo mais penalizadas. Não beneficiam de
desconto nas taxas, nas licenças, nem nos impostos, nomeadamente, IMI.
A contenção
deve ser para todos. Com ou sem crise, acredito não ser fácil encontrar,
noutros países mais ricos, o desafogo das autarquias portuguesas.
Se esta
tentativa abusiva ganhar aceitação, certamente, contará com a oposição dos mais
cépticos, em relação ao marketing territorial dos autarcas. As medidas, para
realizar eventos musicais, assíduos, e shows pirotécnicos, exagerados, devem
ser condenadas com veemência.
Em vez de
ser reclamado maior desafogo financeiro, esta altura de crise devia servir para
os autarcas escutarem alguma crítica construtiva, reflectirem, e ser selectivos
e mais contidos no uso da disponibilidade pública. Analisar os seus métodos de
gestão e afrouxarem na assiduidade das festanças, de contrapartida duvidosa, que
complica orçamentos, prejudica a possibilidade de outros investimentos mais
correctos, e agrava a situação económica da região e do país.
Henrique
Coelho
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