quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Albufeira precisa mais - 5

Jornal de Albufeira, 01 Mar. 2009

    Albufeira Precisa de Mais - V Parte

    No seguimento de quatro publicações, neste Jornal, sob o título em epígrafe, que culminaram na minha proposta, ao Exmo. Senhor Presidente da CMA, para patrocinar pequena reforma na Autarquia, com vista a optimizar sinergias e melhorar a capacidade da gestão e da divulgação do produto turístico, quero acrescentar o seguinte:
    O crescimento económico e demográfico do concelho, e a sua especificidade, caracterizados pela dependência do turismo a 100%, de forma directa e indirecta, requerem ajuda institucional adequada.
    A crise actual reforça a necessidade de instrumentos, para fazer face a dificuldades anteriores, resultantes de lacunas, a nível local, e das repercussões de uma globalização atrevida, armadilhada, e pouco responsável.
    Nesta perspectiva, deve emergir uma nova filosofia, em Albufeira, tanto a nível dos órgãos públicos, legitimados, como das associações, e dos valores individuais. Impõe-se uma postura de maior cumplicidade, no tratamento dos assuntos económicos do concelho que exigem, hoje, mais do que sucesso individual, dedicação à causa, e boa vontade.
    No âmbito autárquico, falta uma Direcção de Economia, para dialogar com empresários. Servir de alavanca teórica, para o desenvolvimento efectivo do concelho, e incentivar a diversificação da base da economia.
    Dar apoio logístico, e assessorar o Executivo Camarário, nas questões relacionadas com as actividades económicas. Desenvolver estudos, sobre investimento privado, em diferentes áreas, privilegiando a inovação e a optimização das potencialidades.
    Fomentar o conhecimento, e promover maior esclarecimento, através do patrocínio de encontros com empresários, associações, organismos públicos, e a banca. Exercer diplomacia económica, e incentivar a formação de parcerias, se necessário.
    Tendo Albufeira se intitulado “Capital do Turismo”, o vector económico que suporta o título devia merecer maior visibilidade e ser considerado, no plano institucional.
    A Direcção de Economia, agora referida, e a Divisão do Turismo, Cultura, Animação e Desporto, que sugeri noutros momentos e propus no IV capítulo, deste título, anteriormente publicado, constituíam plataforma do âmbito autárquico, com dimensão adequada, para dignificar a marca turística e prestigiar Albufeira.
    Esta Estrutura, enquadrada no circuito turístico da cidade, com “lay out” apelativo, devia contemplar: recepção de atendimento, informação turística e cultural, galeria de arte, gabinetes de trabalho, salas de reuniões, e pequeno auditório.
    A polivalência operacional e o seu entrosamento natural contribuíam para optimizar recursos e sinergias e para gerar mudanças de atitude, em relação ao paradigma do desenvolvimento económico do concelho.
    Entretanto, a Autarquia anunciou investimento público na criação de Parque do Turismo, com auditório de 1.000 lugares. Teria sido uma boa deliberação no passado. Neste momento, está desajustado das necessidades reais. O Município já possui o EMA, com capacidade para quase 1.000 lugares, e os hotéis, em construção, incorporam auditórios e centros de congressos. Só um tem lotação para 3.500 congressistas.
    As fases seguintes do projecto podem agravar, ainda mais, a conflitualidade de interesses, se consubstanciarem maior oferta de serviços. A economia de Albufeira, em matéria de serviços turísticos, não precisa de mais concorrência. Carece de investimento público na diversificação do produto turístico e na criação de infra-estruturas desportivas, para a prática de modalidades que atraiam massas e sirvam para projectar Albufeira.
    Está a restringir-se a um parque de turismo, a atenção que deve ser dada ao concelho. As actividades ligadas ao turismo, directa e indirectamente, proliferam por todo o lado e os efeitos desta economia não podem ser ignorados.
    É justo referir as obras que decorrem, actualmente, na entrada principal da cidade, para melhorar a via, encanar o ribeiro, requalificar a área degradada, e edificar o parque de estacionamento.
    No âmbito privado, o contributo das associações empresariais tem sido pouco eficaz. Nalguns casos, contraproducente. É perceptível a falta de haver diálogo, e discussão séria, sobre aspectos específicos, para serem legitimamente assumidas posições, de lobby, consentâneas com o superior interesse económico do concelho.
    Os órgãos de comunicação social, locais, também, deviam ser mais interventivos. A falta de meios pode dificultar-lhes a acção. Contudo, estou convencido que outra postura, com maior sentido de oportunidade, não criava constrangimento. Pelo contrário, uma atitude mais contundente garantia-lhes o estatuto e a razão da sua existência.
    Nomeadamente, as Estações de Rádio que dão música à comunidade podiam apresentar grelha de programação com conteúdos mais interessantes. Destaque para debates generalistas, e sobre economia, de âmbito local, para haver mais esclarecimento e maior consciencialização para os problemas do concelho.
    O eco nacional, de algumas notícias locais, por norma, fica a dever-se ao trabalho destes veículos da informação.



Henrique Coelho

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