quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Albufeira Carece de Ser Interpretada

17/11/2016

Na sequência do evento trágico do ano passado, está a ser elaborado um plano de drenagem, que envolve esforço financeiro elevado, e é estranho que os albufeirenses não se mostrem interessados em debater o assunto.

Neste contexto, Albufeira tem dois problemas distintos que podem se inter-relacionar em situações de catástrofe.

Numa lógica de prioridades diria que o primeiro problema é as inundações da baixa. Nas condições actuais, duas horas de chuva intensa no perímetro da cidade é quanto basta, para o caos se instalar, e a tendência é para piorar uma vez que o nível do mar não pára de subir. É uma questão de tempo, mas a água salgada acabará por entrar e duvido que a drenagem da baixa possa ser regulada com bombas elevatórias.      

O segundo problema é as imprevisíveis cheias da Ribeira. Já em 1948, 1949 e 1956, terá ficado comprovado que o túnel existente não se mostrava eficaz em situações extremas. Todavia, a insuficiência seria superada com a barreira do eixo viário, se a obra fosse executada para reter fluxos anormais. E, ainda, com a limpeza da ribeira, retenções monitorizadas a montante, e desvios colaterais para haver infiltração no solo do bem precioso que tantas vezes escasseia. Julgo que a cheia de 01 de Novembro de 2015 não teria acontecido, se este quadro tivesse sido cumprido e, nesta base, discordo da opção de um túnel novo.

Quase sempre, culpa-se o poder político pelos desastres. Mas, normalmente, as causas provêm de más avaliações técnicas.

Como cidadão atento, com Albufeira no Coração, não tenho dúvidas que o Executivo Camarário está interessado em resolver os problemas. Ainda assim, receio que o enfoque se centre no desafogo financeiro e que a baixa da cidade não esteja a ser tratada, com o pragmatismo que devia, para evitar as surpresas do mar, no futuro.    

Albufeira carece de ser interpretada. Foram executadas obras desconexas que precisam de reabilitação, para a cidade melhorar as infra-estruturas e tirar partido, nomeadamente, das excelentes potencialidades para o turismo.


É de realçar o conjunto de obras de manutenção e arranjos que estão em curso. Contudo, atendendo ao bom momento financeiro, e à possibilidade de candidatar projectos aos Fundos Estruturais, renovo a minha sugestão à Autarquia, para escutar os conselhos e fazer o seu trabalho de casa. A sua demora em comprovar a existência de um plano estratégico, coordenado e equilibrado, para o investimento público que é absolutamente necessário, compromete a projecção de Albufeira, como marca turística incontestável, e limita o desenvolvimento do concelho que precisa de diversificar a base da sua economia.

Sem comentários:

Enviar um comentário