quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A DERROCADA DA HEGEMONIA POLÍTICA


A um ano das eleições autárquicas, os dirigentes que têm se revezado, em Albufeira, denotam algum nervosismo. Fizeram tudo, para afastar a população social-democrata da política. O último “atentado” terá sido praticado em 15/07/2016, na “eleição” das listas para os órgãos da Secção, mais uma vez às escondidas.

Não tive dúvidas que o desassossego acabaria por bater-lhes à porta. Agora, terão de se confrontar com os erros que cometeram e mudar a sua atitude, sob pena de serem os únicos responsáveis por qualquer resultado eleitoral, menos favorável, que o PSD venha a obter no concelho.

Para a narrativa ficar mais clara, vale a pena enunciar alguns acontecimentos que se sucederam:

1 – Por volta do ano 2010, num plenário da Assembleia Municipal, terá sido aprovada uma moção para não haver derrama pública e aumento de IMI, o que já deixava antever quem se preparava para candidatar-se a Presidente da Câmara, em 2013. Isto não é uma crítica. O desencontro, entre órgãos emanados da mesma família política, foi relevante, mas não havia nada de mal e concordei na altura.

2 – Em 2012, já o efeito prático da moção aprovada tinha se perdido e o IMI subia, provavelmente, por força da negociação do resgate da Autarquia ao abrigo do PAEL. Com as portas da política fechadas, ainda, desenvolvi esforços para apresentar, pessoalmente, a minha preocupação sobre o assunto. Porém, o meu interlocutor não compareceu a 2 encontros marcados, possivelmente, por motivos de agenda.

3 – A ajuda no valor de 17 milhões de euros, recebida por volta do verão de 2013, foi ilegítima. Constituiu um embuste para os munícipes e terá permitido à Autarquia ficar fora do ajustamento que seria lógico em tempo de crise. Como consequências, a perda de 3 vereadores nas eleições de Setembro de 2013 e a derrocada da hegemonia política que o concelho vivia.

4 - O divórcio político sedimentou-se de tal forma que, apesar do apelo a seguir às eleições, não se vislumbrou nenhuma iniciativa para unir a família social-democrata do concelho.  

5 – Não acredito que tenha sido por má-fé, mas o resgate representou o pior da gestão financeira. Apesar de a maturidade ser de 20 anos, o empréstimo respectivo foi pago, integralmente, antes do fim de 2014, ou seja, 18 meses depois de ter sido concedido. Nestas condições, é fácil de perceber que a ajuda era dispensável. E, para que não restem dúvidas, em Abril de 2015 a Autarquia instruiu a banca para fazer aplicações financeiras ou efectuar depósitos a prazo, em seu nome, no valor (global?) de 12, 5 milhões de euros

6 – Sendo que nos últimos 3 anos não houve investimento público, a Autarquia terá hoje os cofres cheios e essa disponibilidade está na mira dos eleitores. O seu uso vai ser escrutinado, durante o último ano do ciclo eleitoral, e o resultado reflectir-se-á nas urnas.

O que acabo de expressar de forma frontal, não é a repetição de queixinhas ou frustrações. São tópicos de questões sérias que merecem ser aprofundadas e debatidas. Aliás, sempre disse que Albufeira precisa muito de diálogo e análise pragmática. Uma questão actual que requer ponderação fina é a ideia do túnel da ribeira para o mar, cujos estudos já pesam no orçamento e a obra efectiva custaria muitos milhões, se viesse a ser realizada, um dia, para resolver coisa nenhuma.


A primazia perdida e alguma falta de humildade política têm de dar lugar a outra atitude, dialogante e descomplexada, para a Secção do PSD crescer e a Autarquia ser protagonista de proa em investimento público, estruturante, de modo a que o concelho possa aproveitar o potencial turístico, diversificar a base da sua economia e melhorar na vertente social.  

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